Por edsel.britto

Rio - A diretoria do Flamengo agiu em tempo recorde. Poucas horas depois de ter anunciado a saída de Cristóvão Borges, apresentou Oswaldo de Oliveira no Ninho do Urubu, como técnico do time. Vizinho do CT em Vargem Grande, o treinador chega com a missão de arrumar a casa a tempo de não deixar o teto desabar sobre a cabeça da torcida, quarta-feira que vem, contra o Vasco. Apesar do tempo curto, ele mostrou otimismo.

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"Domingo, tem um jogaço também, importantíssimo. Esse é o 'senão' que nos impõe o futebol. Gostaria muito de ter tempo de inciar uma temporada, de trabalhar diante dos meus princípios, da forma que gosto, mas é a situação que se apresenta. Vou tentar superar isso com muito esforço, para conseguir trabalho a contento que me dê condições de conseguir essas vitórias que falei."

Oswaldo foi apresentado pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello e disse que a negociação foi rápidaMárcio Mercante / Agência O Dia

Oswaldo de Oliveira, que já tinha dirigido o Flamengo em 2003, assinou contrato até o fim de 2016. Apresentado pelo presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, que estava acompanhado do diretor-geral, Fred Luz, e do diretor-executivo de futebol, Rodrigo Caetano, o treinador projetou um futuro vitorioso à frente do Rubro-Negro e ressaltou a importância do apoio da torcida neste processo.

Confira a entrevista na íntegra

Cristóvão Borges

"Quero reiterar palavras do presidente, principalmente em relação ao Cristóvão, companheiro de profissão, que lida com a instabilidade que o futebol brasileiro proporciona. Há pouco tempo, tive a mesma experiência. É uma honra substituir um grande profissional num clube que sempre tive muita vontade de voltar a trabalhar."

Sobre ter dito no Palmeiras que sonhava em treinar o Fla

"Não quis profetizar, mas, de qualquer maneira, sempre foi a minha intenção, ambição, desejo muito grande de voltar ao Flamengo, de escrever finalmente uma história vitoriosa aqui, clube que tenho a maior estima, um carinho muito grande. É uma felicidade novamente estar aqui."

Como fechou tão rápido?

"Quando um não quer, dois não brigam. Os dois queriam. Quando eu soube que o Flamengo tinha o cargo livre e a pretensão de me contratar, o contato feito, e as coisas acabaram facilitadas. Moro aqui pertinho."

Os treinadores têm estreado com vitória sobre o Fla. Por quê? A sua estreia pode ter efeito positivo sobre o time também?

"O futebol, além de ter muitas trocas de treinadores tem muitos jogos. O resultado é inerente do que acontece no jogo. Independentemente de estreia, um tem que ser vitorioso. Acredito que tenham acontecido algumas coincidências. Espero que permaneça, e o Flamengo vença domingo."

Cristóvão era criticado pela torcida por ser muito tranquilo à beira do campo. Pretende adotar postura diferente?

"Sou da maneira que sou e não pretendo mudar por causa disso. Tenho uma atividade à beira de campo conforme a necessidade. Se precisar, serei mais enfático, mais ativo, vai ser de acordo com a necessidade. O treinador acompanha o jogo ao largo da partida, mas não tem tanta possibilidade de interferir, principalmente no Flamengo, casa cheia, Maracanã, o jogador às vezes nem ouve. Mas tem esse aspecto que tem que ser levado em consideração. Depende do entorno do jogo. Não quero dizer que vou me comportar assim ou assado, as coisas que faço são espontâneas. Jogo, por mais que você planeje, tem adversário do outro lado que quer exatamente o contrário de você."

Grupo do Fla

"Só dá para ter uma ideia mais convicta a partir do momento que você convive com o jogador. Tenho visto o Flamengo se esforçando, trazendo jogadores de qualidade recentemente, tem que ter sempre a intenção de enriquecer elenco e trazer jogadores que, num consenso, vejamos que vão ajudar. Tenho visto jogos do Flamengo. A exemplo de outras equipes, tem feito partidas muito boas, outras nem tanto, mas no decorrer dos jogos vai dando conhecimento e convicção para a gente. Tem jogadores que são unanimidade, outros se afirmando. Nada é definitivo. É trabalhar, ajudar que progridam. Vejo como um elenco bom, quero conhecer melhor."

Aonde o Fla pode chegar?

"Estou meio atônito ainda. Foi tudo muito rápido, nem tive tempo de preparar a conversa com os jogadores. Disse o que fluiu naturalmente, como normalmente a gente aborda uma situação como essa. Estou ainda tomando consciência das coisas, ainda não me sinto capaz de dizer o que podemos fazer. O que eu quero é fazer o Flamengo vitorioso, com uma equipe forte e competitiva."

O que já percebia do grupo, olhando de fora?

"É um elenco qualificado que se reforçou, que pode ter uma ascensão. É um campeonato muito difícil (Brasileiro), surgem novas alternativas em todas as rodadas. Nunca se pode fincar os pés e dizer que esse time vai ser campeão. Depois aparece outra alternativa, todo ano isso confirma. Temos agora uma tomada de posição, o conhecimento do grupo, a evolução dentro da competição. Temos um grupo qualificado que pode crescer e buscar uma posição muito boa no Brasileiro e prosseguir na Copa do Brasil."

Guerrero

"O Guerrero hoje é considerado não só o melhor atacante do futebol sul-americano como um dos melhores do mundo. Tem muita experiência e qualidade na área, participa muito do jogo. Muito bom ter um jogador como esse no elenco e poder tê-lo como parte para formar uma equipe vencedora."

Fla de 2003 x Fla de 2015

"Vejo o Flamengo muito diferente hoje. Venho acompanhando o esforço desse grupo gestor para colocar as finanças em dia, formar realmente um clube forte fora do campo, para que isso, com a adequação do trabalho, acabe refletindo dentro do campo. Isso é uma coisa muito importante. Vejo as instalações (do Ninho) muito funcionais. Na época, era só um campo de treinamento da Gávea. Ainda não vi direito, mas sinto uma melhor distribuição dos departamentos. Ainda está se adequando, mas com perspectivas otimistas."

Oswaldo 2003 x Oswaldo 2015 e aprovação da torcida nas redes sociais

"É uma diferença de 12 anos. Estou muito mais experiente, por tudo que esse espaço de tempo pode produzir de mudança na pessoa. Fico muito feliz de ter essa recepção boa. É fundamental que a torcida apoie o trabalho. Esse clima a gente tenta botar na equipe. Que haja otimismo e participação contundente da torcida para nos ajudar a ter vitórias consecutivas."

Pressão da torcida

"O torcedor sabe bem o que faz. O torcedor quer a vitória. Temos que procurar dar isso a ele. A gente sabe o que norteia o futebol são os resultados. Sabemos que o entorno é muito forte, pesado, temos que saber conviver com isso. Ter tranquilidade e raciocinar, independentemente da atmosfera. Temos que saber conviver com isso e passar para eles que vamos tentar fazer o melhor que pudermos. O que vem de fora interfere diretamente no ânimo do jogador. A torcida do Flamengo sabe fazer isso como nenhuma outra e vai ser fundamental nesses meses, até o final da temporada."

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