Rio - Roberto Dinamite assumiu a presidência em 2008 com a missão de resgatar a credibilidade administrativa do Vasco, além do orgulho dos torcedores. Entretanto, passados cinco anos e dois mandatos, o dirigente ainda encontra dificuldades para cumprir suas promessas. O desempenho ruim do time em campo só aumenta a insatisfação dos torcedores com o seu trabalho e o maior ídolo da história do clube vê a sua imagem despedaçar a cada dia em São Januário. Na política, os inimigos se fortalecem e antigos aliados prometem concorrência.
A derrota por 2 a 1 de virada para o Vitória, quarta-feira, em São Januário, parece ter sido o que faltava para os impacientes torcedores do Vasco explodirem. Eles, que nos últimos tempos aturaram episódios como o corte de água, o abandono do ginásio e do parque aquático, a perda de jogadores renomados e a falta de reposição a altura no elenco por causa da falta de verba no clube, elegeram Dinamite como o culpado pela grave crise que o Gigante passa.
Se não bastasse, o dirigente ainda vê Eurico Miranda, ex-presidente do clube e seu principal inimigo político, se articular nos bastidores para conseguir seguidores e ganhar poder para as eleições do próximo ano. Ontem, já de olho no futuro, Eurico, em entrevista à Rádio Tupi, ofereceu ajuda.
Antigos aliados também desejam a saída de Roberto Dinamite. José Hamilton Mandarino, ex-vice de futebol, e Nelson Rocha, ex-vice de finanças, agora se movimentam para que nem ele nem Eurico Miranda ganhem nas urnas. Para isso acontecer, um outro candidato à presidência será anunciado em breve.
“Dinamite foi o escolhido por nós para reerguer o Vasco, mas ele mudou de comportamento no segundo mandato. Passou a ser centralizador e se equivocou”, disse Nelson Rocha, acrescentando: “Ele perdeu a maioria de seus vice-presidentes por assinar contratos indevidamente que prejudicaram o clube”.
Clube perde novamente na Justiça
Os problemas não param de chegar. Além do clima quente na política e a situação preocupante do time na parte de baixo da tabela do Brasileirão, o Vasco recebeu uma má notícia do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que julgou recurso ontem. Por causa da briga entre vascaínos e corintianos no empate em 1 a 1, no dia 11 de agosto, ambos os clubes terão de atuar quatro jogos do Brasileirão com mando de campo a mais de 100 km de suas respectivas cidades.
Ao contrário da primeira decisão, que puniu Vasco e Corinthians com dois jogos sem a venda de ingressos e outros dois apenas com a presença da torcida adversária, o Pleno, que foi comandado por seu presidente Flávio Zveiter, estipulou que os portões dos estádios vão poder estar abertos. Com isso, os comandados de Dorival Júnior só voltam a atuar em São Januário ou no Maracanã em novembro.
Mesmo com baixo rendimento, Dorival segue
Nos bastidores, Dorival Júnior chegou a balançar no cargo, mas nem a derrota (2 a 1) para o Vitória, em São Januário, foi capaz de derruba-lo. Ontem, a diretoria confirmou que o treinador, que acumula apenas 42,5% de aproveitamento à frente do time — mesmo número alcançado por Paulo Autuori — e vem de três derrotas consecutivas, seguirá no comando.
Entretanto, Dorival não tem motivos para comemorar. A quatro dias do difícil confronto contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte, os jogadores se reapresentaram ainda abatidos com mais um tropeço e fizeram trabalhos físicos no gramado.
Do lado de fora, a segurança chegou a ser reforçada, mas, para surpresa dos funcionários do clube, não houve protestos dos torcedores. A diretoria também aproveitou para mandar fazer reparos na marquise que faz a cobertura das cadeiras sociais.