Por fabio.klotz
Rio - "Já falei que a palavra rebaixamento, aqui, é proibida. Se eu achar que o Vasco vai ser rebaixado, vou procurar o ponto mais distante da Sibéria e vou para lá." A declaração data de 14 de agosto. Foi corajosa e, talvez, imprudente, pois o time estava na lanterna do Brasileirão. Mas é esse o estilo de Eurico Miranda, o presidente vascaíno que nunca teve muitas papas na língua, especialmente na hora de falar sobre o clube cujo comando ele retomou em novembro do ano passado.
Vai para a Sibéria%2C Eurico%3F Presidente do Vasco fez promessa contra a degolaBruno de Lima / Agência O Dia

Com o empate deste domingo contra o Coritiba, por mais que tenha lutado, não teve jeito: o Vasco até subiu na tabela, mas não fez o suficiente para evitar mais um rebaixamento no campeonato nacional. Em 2016, vai ter de disputar a Série B pela terceira vez em sua história.

Mas, calma, Eurico. A longínqua Sibéria pode não dar praia, mas há muito o que se fazer e conhecer em seu vasto território, na porção asiática da Rússia, com uma superposição de regiões e províncias a leste dos Montes Urais. Caderninho a postos? É só anotar, então, algumas atrações que valem a visita:

Como chegar lá?
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Olha aí: para alcançar a Sibéria, já se pode apagar da lista um de seus principais atrativos: que é dar uma voltinha pela ferrovia transiberiana, a mais extensa do mundo, com mais de 9 mil quilômetros de trilhos entre Moscou e Vladivostok, lá no extremo oriente. Durante o percurso, são diversas as cidades que pedem escalas mais longas. Além disso, dependendo do pique, você também pode pegar as ramificações rumo ao centro da Ásia e dar uma passada pela linha transmanchuriana, em território Chinês, ou, quiçá, se quiser algo mais alternativao, pela transmongoliana.
A viagem pela segunda classe já proporciona o uso de uma cabine com ar-condicionado, acomodando quatro pessoas. Na terceira classe é uma bagunça que só, sem divisórias, mas com a possibilidade de se fazer contato com famílias russas completas, ainda que o inglês não costuma ser muito falado por ali -- quanto menos o português.
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O lago
Lagoa Rodrigo de Freitas? Muito bonita, mesmo, um cartão-postal maravilhoso do Rio. Mas não se pode fazer comparações com o lago Baikal, pelo menos não em relação ao tamanho, já que se trata do terceiro maior do mundo. Além de ser o mais antigo do mundo, de que se tem nota, com cerca de 20 milhões de anos.
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É uma boa área para fazer passeios de lancha ou barco e chegar à ilha Okhlon. Há quem diga que é possível participar até mesmo de rituais xamânicos dos nativos. O que será que sai daí? Se não for do interesse, porém, tudo bem. Dá para apreciar uma bela paisagem no local. A cor do céu, em especial, promete um espetáculo. Agora, mesmo se for para a ilha, é preciso levar uma blusa, já que, mesmo no verão, as temperaturas ali podem nem passar dos 15ºC, e os ventos podem fazer o queixo bater durante a noite.
Se a pedida for fazer mais exercícios físicos, porém, dá para deixar os veículos náuticos de lado e contornar a margem do Baikai de bicicleta ou por trilhas, ao mesmo tempo em que se observa a arquitetura pétrea de outros tempos. O isolamento da região também resulta em fauna e flora com espécies que só existem por lá.
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Irkutsk, terra do escritor Valentin Rasputin, é a cidade mais próxima do Baikai, às margens do rio Angara, e a transiberiana passa por lá. A arquitetura típica da Sibéria e os diversos museus são atrativos por lá.
Parque Florestal de Ergaki
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De piqueniques familiares, com pinhão cozido na fogueira, a alpinismo profissional, dá para fazer um bocado de coisas neste parque aos pés das montanhas Saiani, ao sul da região de Krasnoyarsk, na Sibéria ocidental. Você encontra cachoeiras e lagos para mergulho, desde que tolere águas geladas que só.
Se tiver preguiça de se molhar e não encontrar um raio de sol para se secar, dá para tentar subir a montanha, mesmo, e admirar a linda paisagem lá do topo, com a vegetação da taiga. A altitude das trilhas pode variar de 1.500 a 2.000m. Existem centros de recreação também que alugam cavalos. No inverno, é a vez da turma do esqui downhill, do snowboard ou mesmo do snowmobile.
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As cidades mais próximas são Kyzyl, Abakan, Minusinsk e Krasnoyarsk, sendo que Abakan é a de acesso mais prático para o parque. Aí entra em ação o fogão a gás. Se não der para encarar as noites de sono em uma barraca em meio à natureza, não se preocupe: há chalés preparados para acolher os turistas, ainda mais aconchegantes no inverno.
Mais cidades
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Em Tomsk, reduto universitário, a vida noturna pode ser agitada, com bares e baladas e uma circulação maior de forasteiros que vêm de diversos locais da Rússia ou mesmo da Ásia. Um em cada seis habitantes é estudante. Em Omsk (e quem não se lembra do jogo de tabuleiros War?), a 2.700 km de Moscou, você pode encontrar até KFC, Subway e Friday's nas ruas. Novosibirsk é a maior cidade siberiana, a 265km de Tomsk, e a terceira maior de todo o país, com vasto parque industrial. Antes, já serviu de exílio para Fiódor Dostoievski. Para visitar, vale um pulinho numa praça que leva o nome do antigo líder comunista Vladimir Lenin, com estátua gigante em sua homenagem. Também tem o Museu do Trem, nos quais se pode visitar o tipo de vagão que carregava os prisioneiros do regime para rincões siberianos, nos chamados gulags, campos de trabalho forçado. À noite, o Balé de Novosibirsk é obrigatório.
Esportes?
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Não consegue ficar tão longe do esporte, mas não quer saber do futebol? Bom, na Rússia, um caminho recomendado é o do hóquei no gelo, certo? É o que se tem de mais popular por lá, com jogos frenéticos e torcida barulhenta. Se não aguentar mais tanta decepção com o time do coração, o Avangard Omsk é um time vitorioso, que vale seguir. O Sibir Novosibirsk também é presença constante nos playoffs. Na Conferência Oeste, Divisão Tarasov, são vários os times siberianos, na verdade. Você pode ver brigas épicas:
E que tal o Bandy? É outro esporte de inverno, derivado do hóquei, também jogado com taco e patins que busca o gol, que tem dois tempos de... 45 minutos, com times de... 11 jogadores de cada lado. Lá, ganha o nome de hóquei russo, terceira modalidade mais popular do país, atrás do futebol. Há times da Primeira Divisão em Irkutsk, Krasnoyarsk, Novosibirsk e Kemerovo.
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Se não entender muito das regras e preferir algo mais universal, você vai encontrar o basquete em Krasnoyarsk, com o time local, Enisey, inscrito na Liga VTB, que reúne os principais times russos e de outros países da região. Dependendo da tabela, é possível ver partidas com atletas ex-NBA por lá.
Mas... Bem, se o futebol é aquilo que faz a cabeça, mesmo, fica o aviso: a região não desfruta de grandes clubes. O Sibir Novosibirsk, Baikal Irkutsk, Enisey Krasnoyarsk e o Tom Tomsk estão todos na... Segundona.
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Dicas
Se for para experimentar o inverno russo é recomendado que se viaje dezembro e fevereiro, quando há mais neve e menos lama. Acreditem, na época de chuvas, qualquer passeio por lá pode levar uma eternidade e gastar todo o estoque de analgésicos, de tanta dor de cabeça que dá. A população local, mesmo, perde a paciência e julga que esse é um fator espanta-turista praticamente imbatível.
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Entre maio e outubro (que abrange o verão e o outono setentrional), pode chover frequentemente. Ah, e nas estações mais quentes, mesmo que o termômetro não fique tão vermelho assim, pode haver muitos mosquitos, dependendo da área siberiana.