A ré Berrin Taha é levada ao tribunal -  AFP photo/ Thomas Kienzle
A ré Berrin Taha é levada ao tribunal AFP photo/ Thomas Kienzle
Por AFP

Freiburg - Uma alemã foi condenada nesta terça-feira a 12 anos e meio de prisão por prostituir e violentar o filho ao lado de seu cônjuge, um pedófilo reincidente. O caso também gerou críticas sobre possíveis negligências das autoridades.

Além do casal, outras quatro pessoas foram condenadas nas últimas semanas a penas que variam de oito a 10 anos de prisão.

Durante mais de dois anos, entre maio de 2015 e agosto 2017, Berrin Taha, 48 anos, e seu companheiro Christian Lais, 39 anos, um casal desempregado de alemães, ofereceram a pedófilos a possibilidade de abusar do menino na internet profunda, como é conhecida a parte da internet que não tem referência nas ferramentas de busca.

O tribunal de Freiburg condenou a mãe a 12 anos e meio de prisão, assim como o padrasto. Em seu caso, o tribunal também determinou medidas para atrasar sua libertação o máximo possível.

A mãe do menino, que atualmente tem 10 anos e vive com uma família adotiva, nunca explicou seus atos.

O advogado defesa tentou atenuar sua responsabilidade argumentando a "dependência" da mulher de seu companheiro, o que foi rejeitado pelo tribunal.

O juiz Stefan Bürgelin considerou que a motivação inicial da mãe pode ter sido a continuidade do relacionamento com o cônjuge, mas também existiram "razões financeiras".

O magistrado recordou que a mãe também abusou de uma menina que ficou sob sua responsabilidade.

O réu Christian L. entra no tribunal antes do pronunciamento de sentença no tribunal distrital em Freiburg, sul da Alemanha - AFP photo/ Thomas Kienzle

O caso foi revelado após uma denúncia anônima em 2017. Depois, as confissões do padrasto, que já havia sido condenado por pedofilia e posse de material pornográfico com crianças, provocaram a detenção de vários clientes do casal, incluindo quatro alemães, um suíço e um espanhol.

Christian Lais, o padrasto, pediu ao tribunal que sua pena contemple as medidas necessárias para que possa entrar em terapia.

Na segunda-feira, Javier González Díaz, um espanhol de 33 anos, foi condenado a 10 anos de prisão por ter violentado o menino várias vezes e filmado.

Em troca de mais de 10 mil euros pagos ao casal, o espanhol viajou pelo menos quatro vezes de seu país até Freiburg para cometer os crimes, nos quais o menino era "humilhado, insultado, amarrado, encapuzado e maltratado", afirmou o tribunal.

Os policiais esperam que o caso permita a detenção de outros pedófilos, com o apoio de vídeos e fotos de pessoas que cometeram os crimes e foram divulgadas na internet profunda.

O menino não tem nenhum contato com a mãe e "está bem apesar das circunstâncias", afirmou seu advogado. O casal terá que pagar 30 mil euros de indenização.

O serviço de proteção ao menor, a justiça e a polícia foram muito criticados no caso porque o padrasto Christian Lais estava proibido de qualquer contato com crianças depois de cumprir uma pena de quatro anos de prisão - encerrada em 2010 - por pedofilia.

As advertências do serviço social de que Lais vivia na mesma casa que Berrin Taha e seu filho não foram levadas em consideração pelas autoridades.

"O caso não termina com esta decisão. Revela os fracassos judiciais e oficiais dos quais temos que tirar lições em escala nacional", disse Johannes-Wilhelm Rörig, comissário do governo alemão para a luta contra a violência a menores.

Você pode gostar