Os resultados científicos disponíveis até agora sugeriram que esta variante era mais contagiosa (50 a 70% mais que o vírus clássico). Porém, Londres anunciou na sexta-feira que ela também poderia ser entre 30 e 40% mais mortal, embora os dados ainda não tenham sido confirmados.
O que mudou?
Outros estudos da Universidade de Exeter e da Public Health England, a agência de saúde pública inglesa, sugeriram um risco ainda mais elevado.
Esses dados levaram o NERVTAG, grupo científico que assessora o governo britânico, a afirmar que há uma "possibilidade realista" de que essa variante seja mais letal.
"Infelizmente, parece que esse vírus é ambas as coisas", mais contagioso e talvez mais mortal, resumiu John Edmunds, da LSHTM, na segunda-feira. "A situação, infelizmente, está se agravando muito."
Os dados são confiáveis?
Os estudos também cobrem apenas 8% de todas as mortes em um determinado período e os resultados podem "não ser representativos de toda a população", de acordo com o NERVTAG.
Por que mais mortal?
"Se ele for capaz de se espalhar mais rapidamente nos pulmões, isso pode acelerar a progressão da doença e da inflamação", explicou Peter Horby, chefe do NERVTAG e especialista em doenças infecciosas emergentes da Universidade de Oxford.
"Talvez o vírus não tenha evoluído para ser mais mortal em si, mas para se desenvolver mais rápido ou melhor", disse à AFP Bjorn Meyer, virologista do Instituto Pasteur, de Paris.
Os tratamentos são afetados?
Os corticoides “deveriam funcionar da mesma forma porque não agem sobre o vírus, mas sim sobre a resposta” do organismo, afirmou ele.
Quanto às vacinas, os primeiros indícios são animadores. Segundo resultados preliminares de pesquisadores de universidades britânicas e holandesas, os anticorpos de pacientes curados naturalmente da covid-19 são capazes de neutralizar a variante inglesa, o que indica que as vacinas também são.
Os fabricantes Pfizer/BioNTech e Moderna, também com base em estudos preliminares, garantiram que suas vacinas funcionam contra esta cepa.
Mais fraco?
Não há razão para que "se torne menos grave", disse Emma Hocroft, epidemiologista da Universidade de Berna, à AFP, lembrando que vírus como o sarampo e o HIV não se tornaram menos perigosos apesar de sua propagação.
"Ele certamente não se tornou um vírus mais benigno", declarou, por sua vez, Graham Medley, da LSTHM.