Rio - Depois da dengue, da zika e da microcefalia, é a vez da gripe A, causada pelo vírus H1N1, assustar os brasileiros. Concentrado em São Paulo, o surto da doença, que já matou 46 pessoas no país nos três primeiros meses do ano, tem colocado cariocas e fluminenses em alerta, após a confirmação, na última semana, da morte de um morador da Região Metropolitana. Com o sinal vermelho aceso e a proximidade do inverno, quando os casos tendem a aumentar, começou uma corrida às clínicas particulares de imunização, em busca da vacina, considerada a maior arma contra a doença Mas especialistas alertam que, além da vacinação, é possível evitar a doença com hábitos simples, como lavar bem as mãos.
A médica Nancy Bellei, da Sociedade Brasileira de Infectologia, lembra que é preciso evitar o contato com pessoas gripadas. “Estas, aliás, devem suspender as atividades de rotina como trabalho e estudos, afim de evitar a propagação do vírus em locais com aglomeração”. Manter a imunidade boa também é importante. Por isso, segundo ela, praticar exercícios físicos, ter alimentação saudável e sono regular também são importantes para a prevenção.
Moradora de Xerém, em Duque de Caxias, Ana Carolina Almeida, de 30 anos, mãe de Gustavo, 11, já tomou as precauções. “Caso eu não consiga a vacina na rede pública eu vou buscar na particular. Mas já intensificamos os costumes de lavar as mãos e na limpeza da casa. Álcool em gel não vai faltar na bolsa, também sempre carrego lenços umedecidos”, conta ela. Idosos como Maria da Penha de Jesus, 70, mãe de Ana Carolina, já aguardam, ansiosos, pela nova campanha de vacinação, que deve começar dia 30 na rede pública.
Crianças de seis meses a 5 anos e idosos a partir dos 65 estão no grupo de risco para a gripe A. Especialista em Imunologia e um dos pesquisadores envolvidos no estudo sobre a relação entre grávidas e o H1N1, pela Universidade de Mumbai, Marcello Bossois aponta para o fato de que as gestantes são mais frágeis aos vírus da Influenza A. “A pesquisa demonstrou que existe um fator imunológico que pode piorar a situação da gestante. É importante que haja cuidado redobrado”, explicou Bossois, que é coordenador técnico do Brasil Sem Alergia.
Também estão entre os grupos com risco de maior complicação mulheres no pós-parto, portadores de doenças crônicas, funcionários do sistema prisional e da área da saúde e povos indígenas.
Entre os sintomas, estão dores articulares fortes, dores de cabeça e garganta, tosse seca, coriza, febre acima de 38,5 graus, e, nos casos mais graves, insuficiência respiratória, choque, e até a morte. “Além dos sintomas da gripe comum, a gripe A (H1N1) pode evoluir para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), então, torna-se importante o investimento em prevenção”, avalia o otorrinolaringologista Rodrigo Pêgo.
Colaborou a estagiária Laila Souza