Caracas - À beira de um apagão sem precedentes e pressionado por um Congresso majoritariamente de oposição, Nicolás Maduro adotou uma receita pouco ortodoxa para a crise energética: até junho, toda sexta-feira será feriado na Venezuela. E fez um apelo para que os bolivarianos economizem luz, maneirando no ar-condicionado — “que deve ficar ajustado para 23 graus” — e evitando até mesmo o secador de cabelos — o que, num país conhecido por exportar misses, pode arranhar a imagem da nação.
“O secador de cabelo nestes 60 dias deve ser usado pela metade. A secadora de roupa e os mecanismos do secador de cabelo são fortes e altos consumidores, assim como o ferro. Devemos criar consciência disso”, discursou Maduro, que emendou: “Eu sempre acho que uma mulher fica mais bonita quando ela penteia o cabelo com os dedos e, em seguida, deixa o cabelo secar naturalmente.”
No começo do ano, o chefe de Estado venezuelano já havia reduzido a jornada de trabalho de 40 para 36 horas, a fim de aproveitar melhor a luz diurna, mas isso não bastou para reduzir o consumo. Com o ‘pacote’ de ontem, a oposição não perdoou. “Maduro nunca trabalhou, é normal para ele decretar feriados. Hoje ele reitera sua incapacidade de governar”, atacou Henrique Caprilles, candidato derrotado pelo bolivariano nas últimas eleições.