Rio - A rotina de um hospital pode ser entediante. O tratamento, marcado pela rotina ordinária, muitas vezes desanima o paciente, que não se sente motivado e, consequentemente, não esconde o mau humor. Contudo, se depender do projeto Pêlo Próximo, essa convivência e o tratamento hospitalar podem ser vistos de modo mais lúdico e divertido. Criada em 2010, a iniciativa leva animais a diversas unidades para ajudar na recuperação dos internados, por meio da zooterapia.
São três tipos de sessões promovidas pelo projeto. Uma delas são as atividades, que funcionam de modo mais livre, sem um objetivo específico e tempo de duração pré-determinado. “É tudo uma grande brincadeira”, explica a coordenadora do Pêlo Próximo, Roberta Araújo. Mas há, também, a terapia, que pode ser associada à educação. Nesses casos, profissionais de saúde, de educação ou uma equipe multidisciplinar comandam a sessão, que dura de 45 a 60 minutos.
Mas, afinal, de onde vêm esses animais? São 19 cães e quatro calopsitas que, assim como os respectivos donos, atuam como voluntários do projeto. Para poder participar, os bichinhos passam por testes bem seletivos, com adestrador e veterinário, a fim de evitar problemas no exercício das ações. E os donos também se submetem a avaliações: precisam conversar com um psicólogo, que os avaliam e dizem se estão ou não aptos a integrar o projeto.
As sessões atuam de acordo com a necessidade dos pacientes, e podem ajudar em muitos aspectos. O Hospital Estadual Anchieta, no Caju, é um dos que recebem, quinzenalmente, as visitas do Pêlo Próximo. Sempre às quintas-feiras, a equipe chega ao hospital e leva os idosos a uma sala especial onde as atividades são desenvolvidas. O coordenador do Núcleo Psicossocial da unidade, Thiago Cachaldora, destaca, além das vantagens clínicas, os benefícios à socialização dos pacientes. “Eles ficam emotivos, relaxam, ficam de bom-humor. Consequentemente, passam a ter maior adesão ao tratamento e mantêm uma relação melhor com o hospital.”
Pacientes relatam melhora no convívio com animais
O relato de quem participou das sessões confirma o que os coordenadores do Pêlo Próximo ressaltam. Após a atividade da última quinta-feira, o aposentado Ely Queiroz, de 70 anos, se entusiasmou com as calopsitas no Hospital Anchieta. “Fiquei relaxado, lavou minha mente. Gostaria que viessem mais vezes”, disse.
Os cachorros também ganharam a simpatia dos pacientes de Anchieta. “Estava um pouco estressada, e ter o contato com o cachorro me deixou mais calma. Falei até para meu marido que quero outro cachorro, pois o que tinha morreu”, divaga Efigênia Santos de Paula, de 69 anos.
A filha de Efigênia, Regina de Paula, confirma a eficácia do projeto na recuperação da mãe. “Ontem, quando cheguei aqui para visitar minha mãe, a encontrei feliz, sorridente e dizendo que teve uma tarde maravilhosa”, contou. “Fiquei surpresa em ouvir, pois é novidade alguém ficar tão contente em um hospital”, destacou.