Por caio.belandi
Nova Zelândia - O fortíssimo terremoto que sacudiu a Nova Zelândia no início da semana fez mais estragos embaixo do chão do que na superfície. Foram dois mortos e um prejuízo bilionário para a reconstrução, mas o abalo principal — de 7,8 pontos na Escala Richter, fora as centenas de réplicas — modificou até as placas tectônicas sobre as quais repousa o arquipélago.
Terremoto mudou geologia da Nova ZelândiaEfe

É como se, de uma hora para outra, tudo o que se sabia sobre geologia na Nova Zelândia fosse apagado. O problema é reescrever isso — e até lá, novos sismos vão ocorrer. No curto prazo. “Parece que o terremoto elevou todo o litoral norte da Ilha Sul. As rochas se moveram a uma distância significativa, cerca de um metro para cima e três metros para o lado. Esta costa da Nova Zelândia é estruturada de forma extremamente difícil, e agora estamos desesperadamente tentando descobrir se o terremoto libertou todos os pontos de tensão ou se ele criou novas fontes potenciais de abalos”, diz o geólogo Nikola Litchfield.

Verificou-se que esta série de sismos mudou fundamentalmente a estrutura do interior da Terra na Nova Zelândia. De acordo com Litchfield, a Ilha Sul parecia desfigurada com seis novas “cicatrizes”, ou falhas no solo. Quatro se deslocam para o mar e duas estão sobre a terra.
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Em todas essas falhas, camadas de rochas se deslocaram em relação uma à outra por muitos centímetros, tanto para cima, quanto para baixo e também para os lados, mudando significativamente a forma de como as antigas “cicatrizes” tectônicas pressionavam umas contra as outras. Agora, os cientistas estão explorando ativamente as novas falhas, tentando descobrir onde e quando o próximo terremoto poderá ocorrer.
A Quebra de Marlborough é um dos sistemas tectônicos mais complicados da Terra, onde as quatro grandes falhas são conectadas, ao longo das quais movem as placas tectônicas da Austrália e do Pacífico. O estudo dos efeitos desse terremoto, como Litchfield espera, vai ajudar a entender como se comportará essa falha no futuro e qual ameaça ela representa para os moradores da Nova Zelândia.