Karlov chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu aos múltiplos disparos. O atirador, identificado como Mevlüt Mert Altintas, policial das forças especiais turcas de 22 anos, acabou abatido minutos depois — mas antes ameaçou os presentes com arma em punho e gritou palavras de ordem em favor da Síria e contra a Rússia. O ataque já foi condenado pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pelas Nações Unidas.
Karlov, de 62 anos, exercia o cargo de embaixador da Rússia em Ancara desde julho de 2013. Antes, tinha comandado a delegação do país na Coreia do Norte, entre 2001 e 2006. O ataque ocorreu na véspera de uma reunião em Moscou entre os chanceleres e ministros da Defesa da Rússia, Turquia e Irã sobre o conflito na Síria.
Um vídeo mostra que o atirador mirou especificamente em Karlov após ouvi-lo falar, atuando aparentemente como segurança. De acordo com a rede BBC, ele gritou "Não esqueçam de Aleppo, não esqueçam da Síria" antes de usar a frase islâmica "Deus é grande". Já o "Independent" diz que ele gritou: "Nós morremos em Aleppo, você morre aqui".
"Até que nossas cidades estejam seguras, vocês não terão segurança. Só a morte pode me levar daqui. Todo mundo envolvido neste sofrimento pagará o preço", diz o atirador, em um vídeo que circula nas redes sociais.
A embaixada afirmou acreditar que este foi um ataque de radicais islâmicos. Segundo a "NTV", três outras pessoas ficaram feridas. Já a unidade da rede CNN na Turquia afirma que os tiroteios continuaram no mesmo edifício por mais um tempo, mas logo cessaram, segundo a imprensa local, quando a polícia invadiu a área e matou o terrorista. De acordo com jornais pró-governo, o assassino era um policial da força de choque da polícia de Ancara.
O presidente da Turquia, o islamita Recep Tayyip Erdogan, garantiu que o assassinato do embaixador russo é uma “provocação que tem como objetivo destruir a normalização” das relações entre ambos os países.
“Tanto a administração russa quanto a turca são conscientes disso e não vão permitir”, afirmou Erdogan. O presidente turco acrescentou que a Rússia e a Turquia criarão comissão conjunta de investigação para esclarecer o ataque e informou que mandou aumentar as medidas de segurança nas representações russas no país.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez coro. “O crime é, sem dúvida, uma provocação destinada a pôr fim à normalização das relações russo-turcas e atacar o processo de paz na Síria”, disse Putin ao se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Putin destacou que o processo é apoiado ativamente pela própria Rússia, além de Turquia, Irã e outros países interessados em encontrar uma solução para o conflito sírio. “A resposta ao assassinato do embaixador russo na Turquia será o reforço na luta contra o terrorismo. E os bandidos sentirão isso em suas próprias carnes”, afirmou Putin.
O presidente da Rússia afirmou que o ataque ao embaixador Andrey Karlov foi uma “atitude vil”. “Devemos descobrir quem está por trás do assassino”, disse Putin, acrescentando que irá reforçar as representações diplomáticas da Rússia na Turquia.