Por thiago.antunes
Washington - O governo Trump começa a botar as mangas de fora na política externa e ressuscitou, ainda que informalmente, o ‘Eixo do Mal’, grupo de países considerados inimigos de Washington.
Dois deles voltaram a entrar na mira: Irã e Coreia do Norte. Nos anos 1990 e 2000, o Iraque fazia parte do ‘clube’. Mas a nação está despedaçada pelo Estado Islâmico. Pode sobrar para Cuba um lugar na indesejável lista.
Boneco faz piada do tom agressivo de Trump num museu de ValênciaEfe

A Casa Branca impôs sanções econômicas contra “13 indivíduos e 12 entidades” do Irã em resposta ao recente teste de um míssil de médio alcance. “O contínuo apoio do Irã ao terrorismo e o desenvolvimento de seu programa de mísseis representam uma ameaça”, explicou John Smith, diretor interino do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro americano.

Domingo, o Irã realizou um teste de míssil de médio alcance que explodiu após percorrer mil quilômetros e despertou os alertas por parte dos EUA. Como resposta, Trump afirmou ontem que o Irã “está brincando com fogo”.

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Em mensagem em sua conta da rede social Twitter, o presidente americano acusou o país de não ter agradecido a “consideração” de Obama com o regime iraniano, com o qual a comunidade internacional assinou um acordo nuclear. “O Irã foi formalmente colocado sobre aviso por disparar um míssil”, comentou Trump.
Velha inimiga dos Estados Unidos, a Coreia do Norte também recebeu um recado da nova administração. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, alertou em Seul que o governo americano responderá de forma “efetiva e arrasadora” em caso de um ataque nuclear.
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“O regime de Kim Jong-un continua lançando mísseis, desenvolvendo seu programa de armas nucleares e com discurso e comportamento ameaçadores”, afirmou Mattis. “Qualquer ataque sobre os Estados Unidos ou sobre nossos aliados será oposição”, completou. A visita de Mattis ocorre após Pyongyang realizar o teste de um míssil intercontinental.
Já as relações com Cuba, retomadas por Obama depois de décadas, podem estar por um fio. Porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer afirmou que o governo está no meio de “uma revisão completa de todas as políticas dos EUA em relação a Cuba”, com foco em suas políticas de direitos humanos.
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Merkel fala de diferenças
Líderes europeus estão em Malta para reunião de cúpula, e o novo ocupante da Casa Branca é o centro das atenções. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que, no futuro, a União Europeia (UE) terá que realizar mais tarefas sozinha devido às posições de Trump.
Merkel: União Europeia terá que realizar mais tarefas sozinha devido às posições de Trump.Efe

“Haverá questões que possamos fazer juntos (com os EUA) por nossos interesses comuns e haverá também tarefas que no futuro teremos que fazer mais sozinhos”, disse. Entre as questões nas quais a UE está de acordo e poderá continuar cooperando com os EUA está, de acordo com Merkel, a luta contra o terrorismo.

Em outros pontos, UE e Estados Unidos não estarão de acordo. A chanceler citou o envolvimento na África, a negociação de novos acordos comerciais e o aprofundamento dos esforços em política de defesa.

Ambientalistas esperneiam

Os ecólogos Susan Harrison e David Ackerly, das universidades americanas de Davis e Berkeley, criticam Trump por negar a mudança climática e ignorar as evidências sobre a ameaça. Os cientistas participam do 14º Congresso Internacional de Ecossistemas Mediterrâneos, em Sevilha, onde apresentaram palestras sobre o impacto da mudança climática.

“Estamos muito preocupados em relação a este assunto, que é muito grave também do ponto de vista democrático porque qualquer governo precisa utilizar a melhor ciência disponível para tomar suas decisões, e o novo governo não mostra nenhum respeito pela ciência nem pelos cientistas”, opinou Ackerly. Ele criticou a campanha “mal-intencionada” que associa as políticas verdes com uma maior pressão fiscal.