Por thiago.antunes

Genebra - O clima não está nada amistoso nas extremidades da Terra. A extensão da camada de gelo tanto no Ártico como na Antártica foi, em janeiro, a mais reduzida em 38 anos, desde que começaram a ser feitos os registros de imagens de satélite, disse ontem a Organização Meteorológica Mundial, baseando-se em fontes científicas dos Estados Unidos e da Alemanha.

Não por acaso, as outrora inexpugnáveis geleiras da Antártica estão se despedaçando: no fim de janeiro, área equivalente à Barra da Tijuca se desprendeu da cobertura de gelo da Ilha Pine, onde imensas rachaduras vão liberar icebergs gigantescos nos próximos meses.

No Ártico, a superfície total da camada de gelo no mês passado foi de 13,38 milhões de quilômetros quadrados, o que representa 260 mil quilômetros quadrados menos que em janeiro de 2016, que por sua vez foi o janeiro com a menor extensão calculada até então.

A modo de comparação, os 260 mil quilômetros quadrados perdidos no último ano correspondem a um território maior que o do Reino Unido. A Organização Meteorológica indicou que, se for feita uma comparação a longo prazo, o mar de gelo no Ártico perdeu 1,26 milhão de quilômetros quadrados com relação à média que tinha entre janeiro de 1981 e janeiro de 2010.

“O inverno é o período de recuperação habitual do gelo do mar no Ártico e é quando ganha em volume e em extensão, mas a recuperação neste inverno foi frágil e inclusive, em alguns dias de janeiro, a temperatura esteve acima do ponto de degelo”, comentou o diretor do Programa de Pesquisa Climática Mundial, David Carlson.

As altas temperaturas no Ártico persistiram na primeira parte de fevereiro. O cientista disse que esta situação deve ser considerada “muito alarmante” e antecipou que isto terá consequências graves para o Ártico no verão, com efeitos no sistema climático mundial porque “o que ocorre nos polos não fica lá”. As correntes marítimas são as mais afetadas.

Também na Antártica, a extensão da camada de gelo foi a menor registrada para um mês de janeiro, o que se deve a mudanças nos padrões de ventos, que normalmente espalham os icebergs. Já se sabe que a temperatura do mar acima do normal vai minando as barreiras glaciares por baixo.

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