Por thiago.antunes

Londres - O adorno de cabeça da rainha Elizabeth II roubou a cena na abertura da legislatura do Parlamento britânico, nesta quarta-feira. No lugar da pomposa coroa, um chapéu. Não foi a ‘simplicidade’ que chamou a atenção, mas o azul decorado com flores de miolo amarelo, que remeteria, para muitos, às cores da bandeira da União Europeia.

A escolha bombou nas redes sociais, ofuscando o próprio discurso da veterana, o Brexit e o desgaste cada vez maior da premiê Theresa May — alvo, aliás, de ruidoso protesto. Guy Verhofstadt, encarregado no Parlamento Europeu para as negociações do Brexit, tuitou imagem do chapéu e espezinhou: “Claramente, a União Europeia ainda inspira algumas pessoas no Reino Unido.”

Ao contrário dos últimos anos%2C Elizabeth não usou a coroa na sessão solene. Príncipe Charles a acompanhouAFP

“Formidável, Guy, é vossa majestade, a rainha, que implora para você nos salvar desses conservadores implacáveis, de May e companhia”, notou Joshua Silver. “Bom, é difícil imaginar que essa era a única opção no armário dela”, acrescentou PhillipNotPhilip. O chapéu levou a um debate sobre o Brexit. Para alguns, “desastroso”, enquanto outros criticavam a instabilidade da Europa.

A rainha deveria manter neutralidade estrita em temas políticos e muito raramente expressa opinião, em geral de forma velada. No Plenário, Elizabeth II leu discurso preparado por ministros de May para apresentar os principais objetivos do próximo ano, que depois deve ser aprovado por um Parlamento em que os conservadores dispõem de 317 dos 650 deputados, menos da metade.

“A prioridade é conseguir o melhor acordo possível para quando o país abandonar a União Europeia”, afirmou a rainha, que estava ao lado do filho Charles, e não por seu marido, o príncipe Philip, hospitalizado na véspera. O governo de May “tentará conseguir o maior consenso possível sobre o futuro do país fora da UE”, leu a monarca.

A sessão de abertura do novo Parlamento acontece com vários protestos convocados, sob o lema ‘Um dia de raiva’. Neste contexto, May pediu desculpas pela pobre reação inicial das autoridades ao incêndio da Torre Grenfell, há uma semana, que deixou 80 mortos. “Como primeira-ministra, peço desculpas por este fracasso”, declarou. “Foi um fracasso do Estado, em nível local e nacional”.

A expectativa é que, daqui a uma semana, o Parlamento vote sobre o discurso da rainha, o que dará uma ideia da força de May.

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