Por marlos.mendes

Espanha - A região espanhola da Catalunha enfrenta nesta terça-feira  uma greve geral, com o apoio dos principais sindicatos e organizações pró-independência, em protesto pela atuação policial do último domingo  contra o referendo de independência, que deixou centenas de pessoas feridas.  A greve deve ter impacto no transporte público, na administração pública, educação e saúde. A informação é da Agência EFE.

A convocação tem repercussão "elevada" em setores como o transporte, comércio e a agricultura, segundo os sindicatos minoritários, que estimulam a mobilização, a que chamam de "greve geral". Os sindicatos majoritários, como a UGT e CC.OO, que têm caráter estatal e se somaram ao protesto, a denominam "greve no país".

Catalães protestam em frente ao QG da polícia nacional em BarcelonaAFP

Um total de 24 manifestações fecharam o tráfego em várias vias da Catalunha, provocando retenções, em alguns casos, de mais de 10 quilômetros, segundo o Serviço Catalão de Transporte. Estações de metrô normalmente movimentadas em Barcelona ficaram desertas. Em outros lugares, a resposta à convocação de greve foi irregular, com algumas lojas, supermercados e cafés abertos e outros fechados. O mercado La Boqueria, em Barcelona, estava quase vazio.

O governo da Catalunha realizou no último domingo um referendo separatista, declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional. Participaram da consulta, de acordo com o executivo catalão, 2,2 milhões de pessoas.

Durante o dia, foram registradas ações policiais e despejos de colégios eleitorais por ordem judicial para evitar a votação. Essas ações deixaram mais de 800 feridos, dois deles em estado grave, informou o governo.

Inicialmente, o protesto foi convocado para mostrar a rejeição pelas prisões e os registros policiais da semana passada a fim de evitar o referendo, mas a ação da polícia no último domingo levou à mudança do sentido do protesto.

O governo regional da Catalunha, que já tinha estabelecido serviços mínimos para a greve inicial, os rebaixou, de modo que em setores importantes como ferrovia, metrô e ônibus de Barcelona ficam sensivelmente reduzidos, de 50% para 25%.

 Madri denuncia rebelião promovida por governo catalão contra polícia

O ministro espanhol do Interior, Juan Ignacio Zoido, acusou o governo separatista da Catalunha, nesta terça-feira, de estimular "a rebelião" na região, onde foram registrados atos de repúdio à Polícia nacional, após a onda repressiva no domingo para tentar impedir o referendo de autodeterminação.

"Estamos vendo como o governo da Generalitat empurra a cada dia o povo catalão para o abismo e estimula a rebelião nas ruas da cidade", afirmou Zoido, no Ministério do Interior, após se reunir com o chefe do governo, o conservador Mariano Rajoy.

As palavras do ministro surgem no momento em que se multiplicam as manifestações contra a Polícia Nacional e a Guarda Civil na Catalunha, na frente de hotéis onde esses efetivos estão hospedados e até de delegacias.

A hostilidade contra ambas as forças aumentou desde a intervenção policial, em alguns casos violenta, para impedir a celebração do referendo, proibido pela Justiça.

O governo central "vai tomar todas as medidas que forem necessárias para frear os atos de assédio" contra os agentes policiais, prometeu Zoido, garantindo que esses fatos "inaceitáveis (...) terão a resposta jurídica correspondente".

Afirmando que agiram com "profissionalismo e responsabilidade", Zoido falou diretamente aos agentes: "O governo da Nação vai garantir todos os seus direitos e vai proteger sua dignidade, sobretudo, àqueles que estão agora mesmo prestando serviço para garantir a liberdade e os direitos na Catalunha".

Na segunda-feira, o presidente catalão, o separatista Carles Puigdemont, exigiu "a retirada de todos os efetivos policiais deslocados na Catalunha para esses atos de repressão".

Quase 900 pessoas precisaram de atendimento médico, depois da ofensiva policial, segundo o governo regional. Desse total, quatro foram internadas, e duas se encontram em estado crítico.

Já o Ministério do Interior relatou que 431 policiais e guardas civis ficaram feridos e que, desses, 39 necessitaram de assistência médica.

Com informações da Agência Brasil e AFP

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