Por tabata.uchoa

Rio - O jornalista Helton Fraga, de 50 anos, nunca esquecerá do dia 10 de fevereiro de 2015, data em que, como diz o velho ditado, nasceu de novo. Eram duas horas da manhã, quando acordou com sede. Voltando da cozinha, após beber água, sentiu vertigem e uma forte dor no peito, que irradiou para os braços e costas. Suando frio, acordou a esposa, a professora de inglês Tatiana Campelo, 38, que percebeu que ele estava infartando. Em 15 minutos, ela o conduziu até o hospital mais próximo.

Sem chance para o infartoAgência O Dia


"Tatiana foi o meu anjo da guarda salvador. Devo minha vida a ela. Segundo os médicos, se tivéssemos demorado mais 10 minutos, eu morreria", lembrou Helton, emocionado. Afinal, ele é exceção em casos de problemas cardiovasculares fulminantes, que, por ano, levam 350 mil brasileiros a óbito. Em todo o mundo são 17,5 milhões de mortes a cada 12 meses.

As últimas notícias relacionadas a doenças coronárias trazem nova e revolucionária visão sobre o assunto. Com base em sólido e duradouro estudo mundial, por exemplo, pesquisadores estão chegando à conclusão de que gorduras, inclusive as de origem animal, não fazem tão mal assim e que até chegaram a reduzir índices de mortalidade. Outra boa notícia está vinculada à descoberta de um novo medicamento que promete estancar hemorragia em até cinco minutos durante as cirurgias.

DicasAgência O Dia

Mas para diminuir os riscos de ser vítima de um infarto, algumas dicas devem ser empregadas no dia a dia, como uma dieta equilibrada, com frutas, verduras e legumes, a prática de exercícios regularmente e, claro, estar sempre ligado aos exames de rotina, principalmente para checar o nível de glicose e colesterol no organismo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o infarto é atualmente a principal causa de morte no Brasil, ultrapassando o Acidente Vascular Cerebral (AVC), o derrame. Para o médico Marcelo Bertolami, diretor da área científica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, apesar dos avanços da medicina, a prevenção ainda continua sendo a melhor forma de se evitar graves problemas para o coração.

Helton Fraga e a esposa, Tatiana, que o socorreu em 15 minutos. "Ela é meu anjo salvador"arquivo pessoal

"Houve avanços, como a obtenção de medicamentos gratuitos junto ao governo federal para o controle da hipertensão. Mas faltam campanhas duradouras, principalmente por parte dos órgãos públicos", lamentou Marcelo, que recomenda o abandono do álcool, cigarros e a perda de peso para quem quiser viver mais. "A prevenção evita sérios problemas e tem custo mais barato, tanto para a saúde pública, quanto para o bolso dos cidadãos", defendeu.

Estudo: carboidrato é pior que gordura

O jornalista Helton Fraga mudou de hábitos após o susto há dois anosarquivo pessoal

A informação bombástica de que as gorduras não são os principais vilões do coração, como se pensava, mas sim os carboidratos, foi a mais polêmica e discutida no Congresso Fluminense de Cardiologia, realizada pela Sociedade de Cardiologia do Estado (Socerj), em setembro, em Búzios. A pesquisa Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE), da Universidade de Hamilton, no Canadá, apresentou novidades que fez, literalmente, disparar o coração de 600 especialistas no encontro.

O estudo, com 135 mil pessoas em 18 países, em sete anos, mostrou que a alta ingestão de carboidratos gera grande risco de mortalidade cardiovascular. A ingestão de gorduras, conforme o levantamento, está surpreendentemente associada a menores riscos. As pessoas que mais consumiram gorduras tiveram redução de 23% no risco de mortes, além de 18% a menos de chances de ter AVC.


“Esse estudo poderá mudar nossas diretrizes. Entretanto, a moderação no consumo desses alimentos, o controle de peso e exercícios com acompanhamento médico continuam sendo fundamentais, assim como a prevenção”, ponderou o cardiologista Bruno Heringer. Outro tema referiu-se a novo agente que estanca hemorragia durante cirurgia em cinco minutos, conforme o estudo de nome Re-verse AD. Falando em prevenção, Helton Fraga revelou que sua mãe já falecida sofreu infarto duas vezes.

“Se tivesse ido ao médico regularmente, já que ausência de sintomas não é sinônimo de saúde (tanto para homens, mas especialmente para mulheres), eu não estaria gastando R$ 800 mensais com medicamentos”, lamentou. Hoje, passado o susto, ignorando formas de estresse e pesando 13 quilos a menos, Helton diz que nunca curtiu tanto a vida. Henrique, 20, e Carolina, 15, frutos do primeiro casamento, e Gael, 7, filho dele com Tatiana, atestam. Entre eles, coração não é mais sinal de perigo, mas só de amor, com o famoso símbolo vermelho trocado em suas dedicatórias. Haja coração!

 

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