Por bianca.lobianco

Niterói - Pioneira no uso da biometria no transporte público no estado, Niterói sai na frente mais uma vez em termos de mobilidade urbana, um dos principais problemas do país. A cidade será a primeira da América Latina a implantar o BHLS (sigla em inglês para ônibus de serviço de alto nível). Orçado em R$ 310 milhões, o projeto é um dos maiores empreendimentos no setor da história da cidade. O modelo começou a ser usado na Europa em 1980.

Apresentação dos bilhetes na estação diminui o tempo do embarque Divulgação

No novo esquema, os ônibus são menores e mais baixos, refrigerados, com portas nas laterais e podem até ter wi-fi. Além de mais conforto, o BHLS permite mais agilidade no trânsito devido a um sistema especial de sinalização que prolonga o tempo do sinal à medida que o veículo vai se aproximando.

Outra particularidade é que os ônibus do BHLS podem circular tanto pelos corredores exclusivos do BRT quanto por outras vias. “Isso tem por objetivo levar o serviço aos bairros que não estão no entorno imediato do corredor, evitando também o transbordo para outras regiões”, explica o Subsecretário de Urbanismo e Mobilidade de Niterói, Renato Barandier.

O trajeto será feito pela TransOceânica, que ligará Charitas ao Engenho do Mato. A via expressa terá 9,3 quilômetros de extensão e um túnel de 1,3 quilômetro ligando Cafubá a Charitas. O BHLS vai proporcionar a integração tarifária e operacional com outros modais como a estação aquaviária de Charitas.

Outra novidade é que o embarque será nas 13 estações, a serem construídas no corredor exclusivo e onde serão feitas a bilhetagens.

Veja detalhes do projetoArte%3A O Dia

O tempo estimado do trajeto entre a primeira e a última estação é de 25 minutos e a tarifa, segundo Barandier, será a mesma do ônibus convencional. Na Europa, há veículos com wi-fi, tomadas e TV. “Até agora, o planejamento foi direcionado à implantação e operação do sistema. A partir do início das obras, os detalhes sobre itens de conforto dos ônibus passarão a ser discutidos”, garante o subsecretário.

“A diferença entre esses sistemas é que o BRT é voltado para as pessoas que usam o transporte de massa e o BHLS para aqueles que usam os transportes individuais. O Brasil carece de maior qualidade de transporte público e Niterói pode espalhar essa boa prática. É uma atitude louvável”, elogia o engenheiro de transportes da Embarq Brasil, Guillermo Petzhold.

Empresários cobram mais informações

Para o BHLS, a frota inicial será de 30 ônibus, cada um custa cerca de R$ 800 mil. No entanto, empresários do setor estão preocupados, e não sabem quanto terão que gastar com a novidade.

Eles alegam que não tiveram acesso a detalhes do projeto. Em maio, eles tiveram que desembolsar R$ 17 milhões para renovar a atual frota da cidade.

O transporte individual é o meio de locomoção mais usado pelos moradores da Região Oceânica. Segundo a prefeitura de Niterói, 39% dos domicílios da área usam o carro como meio de transporte contra 23% de outras localidades.

Já os ônibus são usados por 50% das pessoas contra 55% de outras localidades. E 3% andam de moto contra 1% de outras áreas.

A TransOceânica vai transportar, por dia, 78 mil passageiros, beneficiando 11 bairros da Região Oceânica, num total de 68.697 habitantes.

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