Niterói - Num momento em que secou a nascente do Rio São Francisco, o Velho Chico, no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e o país corre risco de racionamento, Niterói dá exemplo de como reaproveitar água. Desde 2011, a lei municipal 2.856/11 obriga as novas edificações da cidade com mais de 500 metros quadrados a terem um sistema de reúso da ‘água cinza’ (é a que sai do banho, da pia do banheiro, da máquina de lavar ou do tanque) e também das pluviais.
Desde então, 198 construções foram ou estão sendo erguidas com esse sistema. A economia na conta de água chega a 30%. O primeiro prédio em Niterói a usar o mecanismo foi o da Rua Mário Vianna 277, em Santa Rosa. Construído há cinco anos, o sistema foi incluído na obra antes mesmo da aprovação da lei.
O engenheiro civil Alexandre Santos mora em Niterói e foi o criador do projeto. A maioria dos sistemas da cidade é dele. Morador do prédio da Mário Vianna, o jornalista Vinícius Martins, conta que, em agosto, o condomínio teve uma economia de cerca de R$ 2 mil na conta de água.
"E o valor da água não entra na cota do condomínio porque cada morador tem seu hidrômetro, tornando essa taxa mais barata. Pagamos pela manutenção do serviço, mas esse valor é menor do que pagaríamos se não usássemos esse sistema. Mas para mim, mais importante que a economia é a preservação ambiental", conta ele. “Só desse edifício são 180 mil litros de água e esgoto por dia que deixam de ser despejados. O sistema funciona sem o uso de equipamento eletromecânico, ou seja, não consumimos energia elétrica, o que o torna mais sustentável”, diz.
A água sai limpa e sem cheiro, mas não serve para beber. A ideia teve origem no projeto de lei 187/2009, do então vereador Felipe Peixoto. Aprovado na Câmara, chegou a ser vetado pelo então prefeito Jorge Roberto Silveira.