Por victor.duarte

Niterói - Durante a Copa do Mundo no Brasil, a hospedagem em hostels na cidade do Rio de Janeiro representou 10% da ocupação turística. Desde então, a ‘realidade’ em solo carioca parece ter ‘atravessado’ a Baía de Guanabara e influenciado de vez os empresários niteroienses. Com uma demanda cada vez maior, os albergues se multiplicam pelos bairros de Niterói e começam a alterar o perfil de procura no município, antes quase restrito a estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Aos poucos, o espaço com aspecto de casa vem atraindo outros nichos turísticos. Entre as demandas crescentes nos hostels da cidade estão os públicos de eventos esportivos, acadêmicos e noturnos, além de equipes de serviços técnicos.

Gustavo investiu em placas solares%2C temporizadores%2C coleta seletiva e reutilização de águaAlexandre Vieira / Parceiro / Agência O Dia

“Recebemos quem vem para festas ou casamentos, para trabalhar na cidade ou quem participa de competições. No último fim de semana, por exemplo, tivemos atletas de dois eventos. Nosso leque está mudando e o mercado está em clara expansão”, comemora Gustavo Torres, 36, proprietário do Clube Hostel São Francisco, que está ficando de cara nova. “Estamos investindo na ampliação de quartos e obras de acessibilidade de olho no verão, já que a expectativa é de uma demanda ainda maior”, disse.

Até mesmo a procura turística, antes irrisória, apresenta alterações. “Foi a primeira vez que vim para um hostel. Além de ser mais barato, ainda temos a oportunidade de conhecer outras pessoas e trocar experiências”, salienta a radialista Monique Oliveira, 25, que mora em São Paulo e se hospedou no Niterói Hostel, em Charitas.

“Há um crescimento e, naturalmente, uma diversificação. O perfil do Rio está refletindo em Niterói. Isso também representa a ampliação do número de leitos na cidade, que é muito importante”, conclui Rubens Branquinho, diretor da Neltur – Niterói Empresa de Lazer e Turismo.

Turistas aproveitam os albergues para interagir e ter dicas do municípioAlexandre Vieira / Parceiro / Agência O Dia

Perspectivas

De acordo com o presidente da ACCARJ (Associação de Cama & Café e Albergues do Estado do Rio de Janeiro), Léo Barroso, o crescimento em Niterói ainda está distante da evolução carioca, mas apresenta ótimas perspectivas para um futuro próximo.

“Hoje em dia, ao invés do empresário abrir uma pequena pousada, ele acaba preferindo um hostel. Isso porque o Brasil conheceu o albergue e o turista não quer mais pagar R$200 em um quarto enquanto pode pagar 1/5 deste valor para ficar em um local aconchegante e ainda utilizar espaços comuns do estabelecimento”.

Mas o crescimento requer cuidados e atenção. Mesmo diante da multiplicação da nomenclatura hostel e inaugurações recentes na cidade, as fiscalizações sobre as normas que regem o funcionamento ainda ficam em segundo plano.

“Niterói ainda não tem uma associação, por exemplo, pois muitos hostels surgiram de repúblicas e os proprietários não conseguem os alvarás de funcionamento. Com isso, algumas normas de segurança acabam não sendo adotadas. Temos que regularizar esse mercado interno para que a evolução seja ordeira e respeite os padrões, pra própria segurança e conforto do cliente”, explica Gustavo Torres, o único associado e credenciado pela ACCARJ na cidade.

A regularização do negócio permite ainda parcerias com foco em qualificação. O Sebrae, por exemplo, sempre oferece cursos de especialização e treinamento para os albergues da cidade, o que permite a melhora do serviço.

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