Por marina.rocha

Niterói - Chico tem ciúme do Tobe, que tem ciúme da Mel, que tem ciúme do Chico. Lá em casa é assim, embora os três — dois cães e um gato — tenham o mesmo tratamento. E essa ciumeira toda me lembrou parte do poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade: ‘João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém’.

Mel%2C Chico e Tobe estão sempre disputando atençãoReprodução Internet

Chico não dorme mais na minha cama desde que Tobe também se deu ao direito de passar as noites nela. E olha que a cama é grande. Tobe não pode nos ver chamegando Mel que corre em nossa direção e a empurra. Ela também fica de olho comprido quando estamos dando atenção ao Chico ou ao Tobe. Mais carente ultimamente — deve ser a idade, está com 14 anos —, Mel passou também a se achegar nessa hora.

Se estamos com os cães, Chico assume sua personalidade de gato e fica na dele, mas, no fundo, quer a mesma atenção. Adora meu colo! Digo que ele vira um verdadeiro felino porque quase sempre se comporta como um cão, mas isso é assunto para outra coluna.

Diante desse caos sentimental, quis entender o que acontece com os peludos quando se sentem preteridos e aproveitei também para pedir dicas de como lidar com essa situação. E quem me explicou tudo foi o veterinário Gustavo Almeida, da Veterinária Ypiranga, em Laranjeiras.

Ele disse que podemos até falar que os animais sentem ciúmes, mas que, na verdade, o que eles têm é um sentimento de posse, principalmente os machos alfa, que são líderes. ‘Esse dono é meu’, é o que diriam, segundo Gustavo, se pudessem falar. E o veterinário faz uma observação importante. A humanização cada vez maior dos animais os torna ainda mais possessivos. E isso pode se agravar quando chega à casa um outro animal ou até um bebê.

Gustavo alerta ainda: é preciso que o dono saiba dosar o amor e a atenção entre os animais. Tratá-los de maneira igual é fundamental e, principalmente, não deixá-lo de lado só porque chegou um membro novo na família, seja ele humano ou animal.

Mas é preciso saber qual o limite entre a fofurice do ciúme e a agressividade do bicho. Gustavo enfatiza bem essa questão porque o animal pode atacar qualquer um que se aproxima de seu dono, tamanho seu sentimento de posse. Nesses casos, é preciso ajuda profissional. O adestramento com participação do dono é um dos métodos recomendados pelo veterinário. Amar é educar. O dono deve ser enérgico para que esse animal possessivo não se sinta no direito de fazer o que quiser na casa, uma vez que já quer dominar o dono.

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