Por helio.almeida

São Paulo - A repórter da Folha de São Paulo, atingida no olho por um tiro de bala de borracha durante o protesto contra o aumento da passagem de ônibus informou que não houve sequelas na visão. O mesmo pode não acontecer com o fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, também ferido no olho na mesma manifestação, que poderá ficar com lesão na vista.

Fotógrafo atingido por tiro de bala de borrachaReprodução Internet

Segundo o colega de trabalho da agência de fotografias, Edno Luan, familiares disseram nesta sexta-feira que ele corre o risco de perder a visão. Ele deve ser transferido do hospital Nove de Julho para um hospital especializado em oftalmologia ainda hoje. A assessoria de imprensa do hospital não forneceu informações sobre o paciente.

A repórter do jornal Folha de São Paulo, Giuliana Vallone, atingida no olho, disse que sofreu uma hemorragia por causa da pancada. "Felizmente, meu globo ocular não aparenta nenhum dano. Estou muito inchada e tomei alguns pontos na pálpebra", informou a profissional em seu perfil no Facebook.

Também nesta quinta-feira, o jornalista Piero Locatelli, da revista Carta Capital, foi detido por portar uma garrafa de vinagre. Levado ao 78º DP (Jardins), foi liberado à noite. A reportagem do jornal O Estado de São Paulo, que se identificou antes da ação, também foi alvo dos PMs. O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, determinou a apuração dos episódios com profissionais da imprensa.

'PM não seguiu protocolo'

O prefeito Fernando Haddad se pronunciou na manhã desta sexta-feira, após os protestos que ocorreram em São Paulo, em que mais de 200 pessoas foram detidas e outra dezenas feridas. O petista voltou a afirmar que não irá diminuir o reajuste na tafira de ônibus e que a Polícia Militar foi truculenta assim como os manifestantes foram violentos.

"A Policia Militar é do estado, mas eu vou me pronunciar. A PM segue protocolo, e quando é obedecido as coisas caminham bem. No início, a ação me parecia adequadas, mas parece que esse protocolos não foram levados em comsideração", disse, em entrevista na Globo News . "A população respeita a liberdade de expressão, mas não compactua com a violência e é a favor da civiliadde. Vemos as mais diversas manifestações e tudo acontece na mais normalidade".

Haddad diz que abriu as portas da prefeitura para um dialogo, mas afirmou que os manifestantes não quiserem diálogo, depois eles protocolaram uma audiência e foi negociado não fazer vandalismo, o que para ele não ocorreu. Segundo o prefeito, os manifestantes não estão entendendo que o aumento da tarifa em São Paulo foi o menor.

"Tivemos um reajuste abaixo da inflação. Nenuhum prefeito comemora um aumento de tafira, há um constrangimento. Mas explorar alternativas todos os prefeitos estão interresados. Estamos investindo para a tafira não aumentar", disse. "Tivemos o menor aumento de tarifa de onibus. Há desinformação por parte do movimento e uma certa impaciencia para sentar e discutir a questão".

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin disse nesta quinta-feira que as manifestações foram feitas por um "movimento politico, pequeno e muito violento". Já o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso disse que o ato "é legítimo fazer protesto, não é ligítimo fazer violência".

'Ação desproporcional'

Uma das vítimas da PM foi a atriz Tais Medeiros, de 34 anos, que esperava o marido na avenida Paulista quando presenciou um confronto entre ativistas e policias da Tropa de Choque. Ela classifica a ação como “péssima e desproporcional”. “Eu estava em frente ao Banco Safra quando subiram alguns manifestantes pela rua Augusta com cartazes. Tranquilo. Não sei de onde, mas em cinco minutos apareceram policiais já jogando bombas de gás lacrimogêneo e atirando balas de borracha. Comecei a sufocar por causa da fumaça e tive que correr também. Tentei me proteger atrás de um vaso perto do Conjunto Nacional e um policial me pegou pelo cangote e me forçou a andar, apertando o cassetete contra as minhas costas. ”, contou.

O vendedor Paulo Rodrigo Lima da Silva, de 33 anos, conta, por exemplo, que só conseguiu escapar da truculência ao sair do trabalho, às 20h, na região central da capital paulista, porque estava usando roupa social. “Só não me abordaram porque eu estava arrumado. Mas, passei perto e ouvi os policiais tirando sarro da situação”, diz.

Em nota, a Anistia Internacional pediu uma solução pacífica para os protestos. A organização representa mais de 3 milhões de membros e ativistas que atuam globalmente para proteger os direitos humanos.

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