Rio - Se nem os jovens se entendem sobre os motivos das manifestações (primeiro, era o reajuste das passagens, depois virou contra a gastança nas obras de estádios para a Copa das Confederações, em detrimento a investimentos em saúde e educação) os políticos pior ainda. Em Brasília, líderes do governo e da oposição jogavam na conta de um e de outro a responsabilidade sobre os atos, enquanto milhares de manifestantes tomavam a frente do Congresso.
Os governistas atribuem os protestos a “organizações políticas”, enquanto a oposição diz que representam a insatisfação dos brasileiros com o governo federal.
Da tribuna do Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o Brasil resolveu dar um “basta contra a corrupção” e o sistema político do país, por isso se mobiliza contra o governo. “A mola propulsora dessas manifestações é esse sentimento de indignação diante dos escândalos de corrupção que ocorrem no Brasil”, disse.
Líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) diz que os atos têm o objetivo de desestabilizar o governo. “Há momentos e momentos para se manifestar. Há partidos políticos que não estão escondidos (referindo-se ao Psol). Manifestações são legítimas, mas há momentos em que não são bem-vindas”, reagiu.
Já o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), pediu medidas mais duras para evitar uso de balas de borracha de policiais contra os manifestantes. “Eu nunca vi tantos policiais usando armas não letais contra manifestantes. Não é aceitável”, disse.
Dilma vê ‘movimento legítimo’
A presidenta Dilma Rousseff divulgou nota ontem à noite em que reconhece que “as manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia e que é próprio dos jovens se manifestarem”. No entanto, ela disse estar preocupada com a proporção do movimento. Mais cedo, o ministro da Gilberto Carvalho afirmou que o governo quer garantir o diálogo para entender “anseios importantes”.
Líder dos caras-pintadas — um dos maiores movimentos populares no país, que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992 —, o senador Lindbergh Farias disse que a diferença é que, desta vez, está havendo “uma reação desproporcional e agressiva por parte da PM do Rio e de São Paulo”. Em comum, disse que “os jovens têm o mesmo sonho: é um protesto contra o autoritarismo”. Após o quebra-quebra à noite na Alerj, afirmou que “o protesto estava lindo. Tem que saber se não foi coisa de infiltrados”.