Rio - Reeleito em 2010 com 5,2 milhões de votos (66,08%), o governador Sérgio Cabral (PMDB) atravessa sua pior crise de popularidade. Pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem atestou o desgaste já causado à sua imagem desde que os protestos no Rio centraram fogo, literalmente, em sua administração. Mas a consulta foi tratada por adversários do pré-candidato de Cabral à sua sucessão, Luiz Fernando Pezão, como uma daquelas pesquisas de intenção de votos que aparecem em plena campanha eleitoral.
Cabral obteve índice de 12% de entrevistados que consideram seu governo “bom” ou “ótimo”. Considerando que a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, ele pode estar com 9% de aprovação, o que é trágico. Com este número, o peemedebista ficou em último lugar na lista dos governadores dos 11 estados que somam 90% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial. O primeiro colocado foi o de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 58% de aprovação. Cabral teve 50% de “ruim” e “péssimo” e 36% de “regular”. Foi a primeira vez que a CNI fez pesquisa sobre a popularidade do governador do Rio.
‘MIDAS INVERTIDO’
Pré-candidato do DEM ao governo, o vereador Cesar Maia partiu para o ataque: “A situação de Cabral é terminal. Ele, Paes, Lula e Dilma se excederam ao fazer propaganda que estavam nadando em dinheiro. Mas Cabral perdeu a credibilidade e passou a ser um ‘Midas’ invertido.”
Cotado como possível candidato ao governo, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) brincou: “Precisa comentar?” Mas avaliou: “É uma situação ruim. Está no fim do segundo governo mergulhado em denúncias de corrupção e a população nas ruas tendo o governador como principal alvo.” A deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), filha de outro pré-candidato ao governo, resumiu: “Cabral está colhendo o que plantou.”
Outro índice que não ajuda Cabral é o que mede a proporção de eleitores que acreditam que o governador utiliza os recursos públicos “mal ou muito mal”. Cabral vem no topo, com 87%. Campos vem em último, com 57%. O governador do Rio não quis comentar a pesquisa.
No Rio, foram ouvidas 812 pessoas. Em Pernambuco, 602.
PMDB: Esperança que a poeira baixe
O chefe da Casa Civil do município, Pedro Paulo Teixeira, espera que o tempo ajude Pezão. “Pesquisa agora não faz sentido, mas em dois meses. Dificilmente voltaremos ao patamar pré-manifestações. Mas haverá ajuste.” O presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani, se surpreendeu com os 12%, mas deu resposta padrão: “Pesquisas são o retrato do momento. Não refletem os benefícios que os governos Cabral trazem. Vamos deixar a poeira baixar.” Mas sabe-se no PMDB que ele não está, exatamente, de luto com o inferno de Cabral.
Dilma perde 24 pontos
A pesquisa CNI-Ibope também registrou queda de 24 pontos percentuais na aprovação do governo Dilma Rousseff entre a pesquisa anterior, feita em junho, e a divulgada ontem. O índice de eleitores que consideram sua gestão “ótima” ou “boa” caiu de 55% para 31%. Por outro lado, o de pessoas que consideram seu governo “ruim” ou “péssimo” passou de 13% para 31%. A pesquisa também detectou que 89% aprovam os protestos no país. Para avaliar o governo Dilma, a pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 9 e 12. Muito gripada, a presidenta cancelou a agenda ontem. Mas sua presença no encerramento da Jornada Mundial da Juventude no domingo continua confirmada.