Acre - A Polícia Federal deflagrou na madrugada desta quinta-feira a Operação Parcas[1] com o objetivo de reprimir a venda indiscriminada de remédios abortivos, proibidos no Brasil. Setenta policiais federais estão cumprindo seis mandados de prisão, 10 mandados de busca e apreensão e quatro conduções coercitivas. As buscas se estendem por hospitais, laboratórios e outros estabelecimentos comerciais.
A operação teve origem em denúncias baseadas em trabalho de uma equipe de jornalismo investigativo que apontou diversos pontos de venda de medicamentos abortivos na cidade de Cruzeiro do Sul.
Durante as investigações, os policiais federais descobriram que, somente nos últimos dezoito meses, cerca de 360 ocorrências médicas decorrentes de abortos teriam sido registrados na maternidade regional. Dentre as mulheres que teriam abortado estão crianças, de até 12 anos de idade e adolescentes, entre 13 e 18 anos de idade.
A PF considera o número alto para uma cidade que conta com apenas trinta e nove mil mulheres. Há registro de aborto cometido por uma menina de 11 anos de idade, que ainda está sob investigação. O número de abortos pode ser significativamente superior, uma vez que o hospital somente registra aqueles casos em que houve qualquer tipo de complicação médica.
Um vereador e um secretário municipal serão chamados para prestar esclarecimentos sobre possível participação em aborto de mulheres com as quais estariam relacionados.
Para a execução da ação, a PF contou com o apoio logístico do 61º Batalhão de Infantaria de Selva em Cruzeiro do Sul, além de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.