Brasília - O presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), anunciou nesta quarta-feira que o partido deixará a coalizão que respalda a presidente Dilma Rousseff e oficializou entrega dos cargos no governo, incluindo dois ministérios.
"Estamos deixando o governo, entregando as funções que ocupamos para deixar o governo à vontade e também para que nós possamos ficar à vontade para fazer o debate sobre o Brasil", afirmou Campos, possível candidato presidencial para as eleições de 2014, nas quais Dilma deve tentar a reeleição.
"Não vamos, de forma nenhuma, entregar os cargos e estar na posição de oposição. Vamos seguir dando apoio àquilo que nós entendemos ser correto", acrescentou. "Estaremos livres para fazer o debate sobre o futuro do Brasil, inclusive sobre o debate da possibilidade de termos ou não candidatura própria, que é um desejo da nossa militância, das nossas direções em outros estados", completou Campos.
Ao PSB pertencem os atuais ministros de Integração Nacional, Fernando Bezerra, e da Secretaria Especial de Portos, José Leônidas Cristino. Bezerra, que participou hoje da reunião da executiva nacional do PSB na qual se decidiu abandonar o governo, disse antes desse encontro que pretendia acatar a determinação do partido, dando a entender que renunciará a seu cargo.
Por sua vez, Cristino não se pronunciou sobre o assunto e também não participou da reunião, pois está no Panamá em uma visita oficial. Além de dois ministros, o PSB tem 27 dos 513 deputados e quatro dos 81 senadores, motivo pelo qual essa decisão representará uma baixa considerável nas fileiras da base parlamentar do governo.
O chefe do PSB na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque, ressaltou que os legisladores desse partido acatarão a postura "independente" aprovada hoje, mas indicou que há um claro "divórcio" entre a formação e o governo. "E um divórcio sempre é um divórcio, seja amigável ou não", ressaltou. Além de possuir essa força parlamentar, o PSB governa nos estados do Amapá, Ceará, Espírito Santo, Paraíba e Pernambuco, nos quais conta com o apoio do PT.
No entanto, Albuquerque declarou a jornalistas que, assim como o PSB entregará os cargos que ocupa no Governo, o PT "deveria" fazer o mesmo nessas cinco administrações regionais. A decisão ainda não foi informada oficialmente a Dilma, com quem Campos anunciou que espera reunir-se hoje mesmo ou amanhã para comunicar-lhe a "irreversível" saída do PSB do governo.