Brasília - A presidenta Dilma Rousseff declarou em sua conta no Twitter, nesta segunda-feira, que "o Itamaraty vai exigir explicações do Canadá" a respeito das denúncias de espionagens eletrônicas do Ministério de Minas e Energia por parte da agência canadense de segurança, conhecida pela sigla CSEC. A denúncia foi divulgada neste domingo no programa "Fantástico", da TV Globo, com base em documentos vazados por Edward Snowden.
Dilma acrescentou que a denúncia de investigação dos dados do órgão "confirma as razões econômicas e estratégicas por trás de tais atos" e que o Canadá tem interesses na área de mineração do Brasil. De acordo com a presidenta, "a espionagem atenta contra a soberania das nações e a privacidade das pessoas e das empresas"
De acordo com a reportagem, as comunicações telefônicas e de computador do ministério, incluindo emails, foram mapeadas. A agência canadense também acessou a comunicação entre os computadores do ministério e computadores de países do Oriente Médio, da África do Sul e até do próprio Canadá.
"É urgente que os EUA e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de uma vez por todas. Isso é inadmissível entre países que pretendem ser parceiros. Repudiamos a guerra cibernética"
O ministro Edison Lobão afirmou, em nota divulgada no domingo à noite, que a invasão dos sistemas de comunicação e de armazenamento de dados do ministério, conforme a denúncia, "é grave, na medida em que sugere a tentativa de obtenção de informações estratégicas relacionadas com as áreas de atribuição da pasta".
Lobão determinou uma "rigorosa avaliação e reforço desses sistemas (de proteção de dados) e a análise do que possa ter sido objeto de espionagem". O ministro afirmou, no entanto, que os sistemas do ministério estão entre os mais seguros e a maioria das informações da pasta é de domínio público.
Petrobras e dados pessoais de Dilma e funcionários do governo também foram alvos
Edward Snowden, ex-prestador de serviço da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) que está asilado na Rússia, revelou este ano os programas secretos de vigilância da Internet e de telefonemas do governo dos EUA dentro do próprio país e no exterior.
Documentos vazados por Snowden anteriormente revelaram que os Estados Unidos espionaram as comunicações pessoais da presidente Dilma Rousseff e a rede de computadores da Petrobras.
Em resposta, Dilma cancelou uma visita de Estado a Washington neste mês e fez um discurso firme na Assembleia-Geral da ONU contra a espionagem, que chamou de "uma prática que fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre os países".
Antes da denúncia feita pelo "Fantástico" a respeito do Ministério de Minas e Energia, Dilma voltou a criticar a espionagem norte-americana em mensagens no Twitter, no domingo, e cobrou "explicações e mudanças de comportamento por parte dos americanos."
A presidente disse que o texto do Marco Civil da Internet, projeto enviado pelo governo ao Congresso que irá ampliar a proteção da privacidade dos brasileiros, servirá de base para uma proposta que será enviada à ONU para um marco civil internacional.
"A votação do nosso projeto do Marco Civil da Internet deve ocorrer nas próximas semanas", disse Dilma. "Nossa proposta para um marco civil internacional será enviada à ONU assim que nosso marco civil da Internet for aprovado", acrescentou.