São Paulo - Ativistas em defesa da proteção animal e policiais militares entraram em confronto em São Roque, na região de Sorocaba, interior de São Paulo, neste sábado. Os manifestantes exigiam vistoria para conferir se ainda havia animais disponíveis para testes de laboratório no Instituto Royal. Os policiais cumpriam decisão judicial, expedida na sexta-feira, que determinava o afastamento de manifestantes da área.
Seis pessoas ficaram feridas por balas de borracha, quatro manifestantes do grupo Black Bloc foram detidos por dano ao patrimônio público - dois deles por atear fogo em uma viatura da PM e dois por causarem danos a uma viatura da polícia rodoviária. Um veículo da TV TEM, afiliada da Rede Globo, foi apedrejado e incendiado. Cerca de mil manifestantes participaram do protesto.
Cães libertados
Na manhã desta sexta-feira, o grupo que fez o resgate anunciou nas redes sociais adoção dos cachorrinhos resgatados. Interessados ainda poderiam apadrinhar os animais, doando alimentos e medicamento. De acordo com a página na rede social, os beagles dispostos para apadrinhamento possuem chip de identificação e há ordem judicial para pegá-los em clínicas veterinárias para serem devolvidos ao Instituto Royal.
Morales afirma que o Instituto Royal tem toda a certificação necessária para fazer os testes e que os protocolos de pesquisa foram aprovados pelo Conselho de Ética do Concea. “É uma denúncia vazia. O instituto está regularmente credenciado junto ao conselho nacional e segue à risca as normas ditadas pelo Conselho Nacional de Experimentação Animal, o Estado brasileiro e as normas internacionais”, defende.
Desde 2008, quando foi publicada a lei Arouca, que regulamenta a experimentação animal no País, as instituições que usam ou criam animais para fins científicos devem estar registradas e criar suas Comissões de Ética no Uso de Animais (Ceua), formada por pesquisadores e integrantes da sociedade de proteção aos animais, que tem como função examinar se os experimentos estão de acordo com a lei. Com a regulamentação, o objetivo é que o número de animais usados em testes seja reduzido.
Por que beagles?
Morales afirma que a experimentação científica em beagles é realizada de forma reduzida no mundo. “Os animais mais utilizados em biotérios são ratos e camundongos. Mas em alguns experimentos são utilizados os beagles por causa do tamanho e pela manutenção do pedigree. Por serem mais próximos dos humanos, estes animais geram mais compaixão que os ratos e camundongos”, disse.
Em junho deste ano, os Estados Unidos iniciaram a redução do uso de testes em chimpanzés nos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (na sigla em inglês, NIH). A decisão, que seguiu uma recomendação de um conselho consultivo da agência, não encerrou a pesquisa biomédica em chimpanzés da NIH, mas deve aposentar 310 animais nos próximos anos.
De acordo com o New York Times, um grupo de até 50 animais seria mantido em um biotério para o caso de necessidade de que primatas sejam estudados em uma pesquisa para a saúde humana.
No Brasil, também há a intenção de reduzir o número de experimentação em animais, mas ainda está no estágio do planejamento. “Estamos fazendo a coletânea do número de animais usados em experimentação para saber quantos animais o Brasil utiliza por ano e fazer um planejamento de infraestrutura, bem estar animal e também planejamento de métodos alternativos para a substituição de animais em pesquisa. É uma meta do governo brasileiro”, disse.