Por thiago.antunes

Rio - O DEPUTADO FEDERAL Anthony Garotinho (PR-RJ), 53 anos, anda liderando pesquisas de intenção de voto a governador e diz que pelo menos cinco partidos já o procuraram para conversar sobre alianças para 2014. Entre eles, tem até legenda com pré-candidato ao governo, como o PT, partido por enquanto da base aliada do governador Sérgio Cabral (PMDB). Se eleito, o parlamentar de Campos dos Goytacazes garante que vai retomar o Maracanã para o estado e avisa, para o caso de algum black bloc cruzar o caminho de sua PM: “Comigo não vai ter moleza, não.” Na hora de posar para foto, faz graça: “Não sou nenhum Don Juan de Marco como o Lindbergh, mas também não estou tão acabado assim.”

'Meu principal adversário é o preconceito'%2C diz GarotinhoMaíra Coelho / Agência O Dia

O DIA: Hoje, além do sr., seis políticos se apresentam como pré-candidatos a governador do Rio — Lindbergh Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Cesar Maia (DEM), Marcelo Crivella (PRB), Miro Teixeira (Pros) e Jandira Feghali (PCdoB)...

ANTHONY GAROTINHO: Acho que vamos ter no máximo cinco candidatos.

O sr., Lindbergh, Crivella, Pezão...?

Sou o único garantido. Os outros eu não sei. O Pezão depende da conjuntura do PMDB e de uma conjuntura nacional. O Lindbergh depende da conjuntura nacional e das alianças do PT. O Crivella depende do humor do Bispo Macedo.

Como assim?

Ele é sobrinho do Bispo Macedo. Se o bispo disser: “Crivella, você é candidato”, ele é candidato. Se o bispo disser: “Crivella, você não é candidato”, ele não é candidato.

E se a presidenta Dilma Rousseff pedir para o Crivella ser candidato?

Entre a Dilma e o Bispo Macedo, o Crivella obedece o Bispo Macedo.

Alguma chance de o sr. e Cesar se unirem de novo?

Ele assumiu esse compromisso...

Ele diz que não...

Ele chegou a dizer que topava ser meu vice... Mas mudou de ideia...

Mas pode ter conversa?

Não sei. As pesquisas estão mostrando que em função do desgaste do (prefeito) Eduardo Paes (PMDB) ele (Cesar) vem tendo uma recuperação. Vamos aguardar para ver.

Clique no infográfico para ver maiorArte%3A O Dia

O sr. já está aparecendo em primeiro lugar em várias pesquisas, até nas feitas por outros partidos. Se a eleição fosse hoje, com quem o sr. acha que disputaria o segundo turno?

Eu sempre trabalho para ganhar no primeiro turno. Agora, se eu vou conseguir vai depender da minha capacidade de sedução, de convencimento, de quebrar meu principal adversário. Eu não considero que meu principal adversário seja nenhum desses que você citou. Meu principal adversário é o preconceito que as pessoas têm contra mim.

Esse preconceito é baseado em quê?

Nas inverdades que sofri por perseguição política das Organizações Globo e de grande parte da mídia do Rio.

Por quê?

Porque a Globo gosta do político tutelado e eu sou um rebelde. Essa é minha face mais parecida com o Brizola. Ninguém me tutela. Ninguém me bota cabresto. Não sou um cidadão dessa elite que despreza o povo. Essa elite olha para o Garotinho e diz “iiiiiiih, esse cara...” Meu adversário é o preconceito.

E como vencer esse preconceito?

Falando a verdade. A verdade quebra o preconceito. Há quanto tempo você não me vê dar uma entrevista na Rádio Globo, na Rádio Tupi, eu não apareço? No seu jornal, mesmo, eu quase não apareço...

Ô, deputado, estou aqui...

Você está aqui porque você está entrevistando todos os pré-candidatos. Mas vamos ser sinceros, eu não apareço em lugar nenhum. Por que o Cabral está com medo de sair do governo do estado para ser candidato? Ele sabe que ele não se elege para senador. Seria também uma vergonha renunciar ao governo para ser candidato a deputado federal.

Se o sr. for para o segundo turno e Pezão não for, ele deverá apoiar seu adversário. Como combater a máquina?

Não sei. O Pezão pode ter, de repente, uma recaída (risos). Ele pode dizer assim: “Puxa, eu fui tão ingrato com Garotinho, Garotinho me ajudou tanto, me tirou de Piraí e me fez ser vice-governador do estado. Está na hora de eu retribuir de alguma maneira.” Quem sabe ele resolve me apoiar? Não sei se vou aceitar o apoio dele.

Com que partidos o sr. vai conversar sobre alianças?

Eu trabalho com outra lógica: quando você está forte — eu ou qualquer outro candidato — os partidos te procuram.

Já procuraram o sr.?

Já estão procurando. Quando você está fraco, você só consegue ter aliança no dinheiro, é o caso do Cabral. Ninguém está com Cabral apoiando o Pezão por amor ao PMDB.

Quantos?

Pelo menos uns cinco.

Algum dos partidos que têm pré-candidato hoje?

É. Alguns desses aí, também. O PT me procurou. Dilma não é Dona Flor. Dona Flor tinha dois maridos. Dilma quer ter quatro palanques (no Rio)...

O sr. vai apoiar a Dilma?

Não sei. Eu disse ao (presidente nacional do PT) Rui Falcão: não faço questão de exclusividade, mas faço questão de reciprocidade. Ou seja, se ela (Dilma) gravar para um, vai ter que gravar para outro. Se for no ato de um, vai ter que ir no de outro. Como nós deliberamos em congresso que só vamos escolher formalmente nosso candidato a presidente e a governador em maio...

O Rui Falcão tem falado que quer todos pré-candidatos de partidos aliados no palanque da Dilma. Isso faz algum sentido?

Faz. Eu acho que isso aí vai enxugar. Vamos aguardar. O Lindbergh hoje está inelegível: embora ele diga que não está, ele tem duas condenações por improbidade administrativas julgadas por colegiado. É diferente de uma decisão em primeira instância. Então, condenação colegiada é Lei do Ficha Limpa, ele não passa. Vamos supor que ele não consiga reverter na instância superior, ele hoje não pode ser candidato. Os problemas que nós tivemos — o meu uma clara perseguição política — foram em primeira instância.

O sr. está dizendo que a Justiça do Estado do Rio de Janeiro o perseguiu?

A Justiça, não. Foi o governador, influenciando a decisão.

Num eventual segundo turno, tem alguém que o sr. não teria como aliado de jeito nenhum?

Excluindo Pezão, nenhum.

As fotos do governador e amigos em Paris, que o sr. divulgou em seu blog em 2012, foram a origem desse desgaste pelo qual Cabral está passando agora?

Não. O que está acontecendo agora é só uma ponta do que vai aparecer de Cabral.

O sr. tem mais informações e fotos?

Vou publicar na hora certa.

Qual é a hora certa?

Na campanha, ano que vem. Cabral vai ficar tão envergonhado que vai realizar o sonho dele: vai se mudar para Paris. Não vai conseguir mais morar no Rio.

A reforma no Maracanã virou uma polêmica sem fim por conta dos gastos com as obras e com o próprio projeto. Se eleito, o que o sr. fará com o estádio?

Vou retomar para o estado. Assumo e vou tocar. É patrimônio público. Vou denunciar o contrato. Quem investiu dinheiro foi o estado.

Se for eleito, o sr. manterá as UPPs?

Vamos remodelar. Voltaria com todos os programas sociais, que ele (Cabral) acabou. Faríamos uma ocupação diferente, precedida de investigação e prisão dos criminosos. Hoje, Cabral lançou uma nova modalidade de exportação: ele exporta bandido para outros estados e para outras regiões do estado.

Como o sr. lidaria se tivesse um caso como o de Amarildo em sua PM?

Esse é o que veio à tona. Igual ao Amarildo tem um monte. O que tem que fazer é fortalecer a Corregedoria Externa, que eu criei, para você não deixar que essas pessoas atuem manchando uma instituição que é séria, em sua maioria. Mas o processo de desmoralização começa assim: quando quem está em cima acha que pode fazer tudo, embaixo vira uma festa; quando o sujeito que está lá na comunidade diz: “Poxa, eu estou aqui trabalhando, o cara está tomando champanhe em Paris, eu quero é me dar bem.” O exemplo tem que vir de cima.

Qual a sua avaliação da atuação da PM durante os protestos?

Nos primeiros protestos, a reação foi um desastre. A polícia estava totalmente despreparada. Depois continuou um desastre. Está claro que esse movimento dos black blocs não é um movimento nacional. É internacional, e começou com o Occupy Wall Street (em Nova York), que tem uma característica anarquista. Não pode deixar o cara sair quebrando a casa dos outros, não pode permitir que as pessoas saiam quebrando telefone público. Com essas pessoas, tem que agir com rigor. Aí, ele (Cabral) é duro com professores e mole com black blocs. Não dá para entender, né?

Como seria a reação da sua PM com os black blocs?

Ah, minha filha, comigo não vai ter moleza, não.

Isso quer dizer o que, exatamente?

A lei, é só cumprir a lei. Se tem um grupo que sistematicamente quebra orelhão, destruindo patrimônio público, destruindo o patrimônio privado, você tem que prender e fazer com que essa pessoa responda à Justiça. Prender com civilidade, não precisa de violência. Vou prender e entregar à Justiça para ser julgado.

O sr. quer ser presidente da República?

Claro, todo político quer. É um sonho.

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