Por bferreira
Rio - No Rio de Janeiro tudo acaba em samba. Até o sisudo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) arriscou passos da dança, após tomar cerveja ontem no Samba do Trabalhador, uma tradicional roda de samba organizada às segundas-feiras no Clube Renascença, no Andaraí. Joaquim Barbosa foi recebido como celebridade no local, considerado um reduto da cultura negra. Nem mesmo os frequentadores mais assíduos ou organizadores se lembram de rebuliço similar.
Na área vip%2C presidente do Supremo distribuiu abraços e posou para fotos%2C ao lado da atriz Taís AraújoAndré Mourão / Agência O Dia

Personalidade homenageada em 2012 pelo evento, Barbosa prometia desde então uma visita. A vinda ao Rio para o Réveillon foi o pretexto perfeito para que ele conferisse de perto o encontro musical já citado pelo The New York Times como ‘uma das maravilhas da Zona Norte’.

Econômico nas palavras com jornalistas, o ministro respondeu com bom humor quando questionado se tinha samba no pé. “Já viu mineiro desenvolto, meu filho?” A generosidade estava guardada para os admiradores. Em meio ao batuque, Barbosa atendeu — um por um — aos pedidos para fotos e abraços, sem se queixar das dores crônicas na coluna ou mostrar a rispidez com que trata os réus.
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“Não é à toa que ele é amado. Será que o José Dirceu seria tratado assim se viesse aqui?”, perguntou Eunimar Russa, membro da diretoria do clube, antes de pedir para que ele concorresse à presidência nas eleições de 2014.
A empolgação com o ritmo, que ele disse “adorar”, só foi mostrada por volta das 21h. Depois de abandonar a garrafa de água mineral e abrir um lata de cerveja, ele se levantou da cadeira, na área vip, e cantou os versos de “Brasil Pandeiro”. “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor / Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros, que nós queremos sambar.” Mas foi a poesia de Chico Buarque que o fez ensaiar um — desajeitado — pé ante pé, ao som de ‘Quem te viu, quem te vê’. Tem mineiro no samba.
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