Por tamyres.matos
São Paulo - Fabrício Proteus Chaves, o jovem de 22 anos que foi baleado três vezes na noite de sábado por policiais militares durante um protesto em São Paulo, disse ontem, em depoimento, que só reagiu após ser ferido. O rapaz, que foi submetido a cirurgia e teve retirado um dos testículos, recobrou a consciência ontem, mas continua internado na Santa Casa de Misericórdia na capital paulista.
O depoimento de Fabrício contesta a versão apresentada pelos policiais e apoiada pelo comando da corporação e pelo secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella. O argumento dos agentes que feriram o jovem é de que ele atacou com um estilete um policial militar quando ele já estava caído.
Fabrício Proteus%2C de 22 anos%2C foi baleado por PMs no sábado durante protesto contra a Copa do MundoReprodução Internet

Grella acusou Fabrício de ser integrante do grupo Black Bloc e ter participado de atos de vandalismo após a manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. O secretário disse que na mochila dele foi encontrado, além do estilete, um artefato explosivo.

A mãe de Fabrício, Evanise Nunes, de 53 anos, disse que o estilete era usado por ele no trabalho como estoquista. “Já vi estilete, caneta esferográfica, caneta piloto e papel de bala na mochila dele”, afirmou ela.

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A divulgação de conclusões sobre a ação da PM durante as manifestações de sábado foi criticada ontem pelo Ministério Público de São Paulo. Em nota, a promotoria classificou como prematura qualquer opinião.

Além disso, reivindicou para si o comando das investigações. “Compete privativamente ao Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública, nos termos da Constituição Federal, promover o enquadramento da conduta dos policiais militares envolvidos", afirma o documento.
O documento divulgado é assinado por dez promotores do 1º Tribunal do Júri de São Paulo. Nele, afirmam ainda, sobre o inquérito, que a "apreciação será feita no momento oportuno, após o término das investigações".
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Manifestantes destroem três ônibus na Zona Sul paulista
Dois ônibus foram queimados e outro depredado na tarde de ontem durante protestos na Zona Sul de São Paulo, segundo informações da Polícia Militar. Os manifestantes atearam fogo a dois coletivos quando eles passavam por ruas do Jardim Ângela.
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À noite, o Corpo de Bombeiros informou que os incêndios foram controlados e que ninguém ficou ferido. O motivo do protesto não foi confirmado pela Secretaria de Segurança de São Paulo.
Segundo informação da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), dona dos coletivos, eles foram interceptados por pessoas armadas com pedras e pedaços de pau e carregando recipientes com líquidos inflamáveis, provavelmente gasolina. Eles pararam o ônibus, mandaram os passageiros descer e atearam fogo ao veículo.
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Por causa das manifestações na região, a circulação dos ônibus de nove linhas intermunicipais foi suspensa por volta das 17h. Apenas em janeiro, foram atacados 18 ônibus de linhas intermunicipais que operam na Região Metropolitana de São Paulo, segundo dados da EMTU. Onze foram depredados e sete, incendiados.