Minas Gerais - Um chimpanzé do zoológico de Belo Horizonte estragou o passeio de uma família ao local nesse domingo. Ele jogou uma pedra contra os visitantes, e o objeto atingiu uma menina de 1 ano e 9 meses e o pai dela. A criança foi hospitalizada com um corte e um osso da testa trincado e precisou de quatro pontos. O pai da vítima denuncia que não há posto médico pra atender os visitantes, o que é confirmado pela instituição.
O engenheiro mecânico Luís Carlos Torres Ferreira, de 40 anos, aproveitou o fim de semana para passear com os dois filhos e a companheira. “Chegamos por volta das 10h e, como minha filha ainda não conhecia os chimpanzés, fomos direto para a área dos animais. A princípio, estava tudo normal, mas, de repente, vi a pedra vindo em nossa direção”, contou o engenheiro.
De acordo com o pai, a pedra atingiu seu rosto e a testa da filha, que estava em seu colo. Ferreira ainda afirmou que procurou ajuda, mas não havia nenhuma placa que pudesse indicar um local para socorro.
“Quando me aproximei de um funcionário que estava na portaria, ele disse que era para eu procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Santa Terezinha e que no zoológico não tinha atendimento”, contou Ferreira.
Após passar por três hospitais, sendo que um estava superlotado e os outros dois não tinham cirurgiões, Ferreira levou a filha para uma instituição conveniada ao seu plano de saúde. A criança foi medicada e recebeu alta médica no mesmo dia.
“Eu liguei para o diretor do zoológico ontem (segunda-feira) e contei o caso. Ele disse que lamentava o ocorrido e perguntou se a menina estava bem. Depois disso, eles não entraram em contato mais”, disse o pai.
Ferreira não descarta entrar com uma ação judicial contra a Prefeitura de Belo Horizonte, que responde pela fundação. “Eles poderiam tomar mais cuidado colocando, por exemplo, uma tela de proteção maior para separar os animais dos visitantes. O diretor disse que fica um funcionário olhando, mas não vi nada disso no domingo. Além disso, acho que um lugar desse porte deveria ter, sim, um posto de atendimento”, desabafou.
Por meio de nota, a Fundação Zoo-Botânica (FZB), lamentou o ocorrido e informou que está apurando os fatos para o esclarecimento do incidente e tomando providências cabíveis para evitar sua reincidência.
Além disso, a fundação, que recebe em média 12 mil pessoas por fim de semana, justificou que os chimpanzés do Jardim Zoológico possuem comportamento pacífico e não costumam atacar sem se sentirem ameaçados ou quando provocados.
A assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que, pela corporação, não há exigência de posto médico no zoológico. Já a Lei nº 9.317/07 de Belo Horizonte prevê que locais com grande aglomeração de pessoas devem manter em suas dependências, no mínimo, um aparelho desfibrilador automático e uma pessoa apta a utilizá-lo, o que tem no zoológico.
Ainda conforme a assessoria da FZB, o caso se trata de uma situação incomum, que será avaliada pela equipe técnica da fundação com rigor e cautela.
Porém, a princípio, não há projeto para instalação de um atendimento médico no local. A fundação afirmou que, em casos de acidentes, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é acionado imediatamente.
Falta de atendimento
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou a criança deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pampulha às 9h56 e foi classificada como verde na ordem de prioridade, por apresentar um corte na região frontal e relato de dor leve. Segundo a SMSA, ela foi chamada pelo cirurgião às 10h17, mas neste horário o pai da criança já havia ido embora, sem aguardar o atendimento.
Reivindicação
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) emitiu uma nota sobre o caso, na qual afirma que a instalação de um posto médico e a implementação de melhorias no zoológico da capital estão entre as reivindicações feitas pelo sindicato à prefeitura desde 2009.
De acordo com o comunicado, o caso ocorrido no domingo não foi isolado e o arremesso de objetos, pedras e restos de fruta por parte dos chimpanzés é recorrente. "Como não há tela de proteção por toda a extensão do recinto, visitantes e servidores sempre correm o risco de serem atingidos. E na ausência de enfermaria para os primeiros socorros, alguns casos podem inclusive levar a consequências irrecuperáveis", diz o informe.
Ainda segundo o Sindibel, a implantação de um posto médico e de um plano de segurança para servidores e visitantes está na pauta específica dos servidores da Fundação Zoobotânica para a campanha salarial unificada de 2014.
Com informações de Carolina Caetano