Por tamara.coimbra

São Paulo - A cidade de São Paulo não terá nesta terça-feira o sexto dia de greve do Metrô. Após reunião em que não houve avanço na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no centro de São Paulo, os metroviários decidiram, em assembleia, voltar ao trabalho e, em nova assembleia, no dia 11, decidir se param no dia 12, data da estreia do Brasil na Copa do Mundo.

Galeria: Quinto dia de greve do Metrô-SP é marcado com protestos

"Voltamos imediatamente ao trabalho em respeito à população. Quando a gente decide fazer greve, fazemos greve. Quando a gente decide voltar a trabalhar, queremos voltar o mais rápido possivel exatamente para atender melhor a população de São Paulo", disse o presidente do sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior.

Antes da votação, Prazeres pediu que os trabalhadores resistissem ao receio de demissão e votassem pela continuidade da paralisação. Ele insistiu pela readmissão dos 42 funcionários demitidos, que estavam presentes na assembleia. "Obviamente se readmitir os companheiros, não teremos greve dia 12", afirmou.

Funcionários grevistas do Metrô-SPReuters

Entre as propostas apresentadas para votação estavam a manutenção da greve, o fim da greve ou a suspensão da paralisação até o dia 11. Venceu a última alternativa.

Os funcionários do Metrô decidiram interromper a paralisação, mas continuarão em estado de greve e em campanha por melhores condições de trabalho. Nesta quarta-feira, uma nova assembleia vai decidir se a capital paulista terá Metrô ou não na data da estreia da Copa. O Metrô é o principal meio de transporte para a chegada ao Itaquerão, estádio da abertura do Mundial.

A assembleia ocorreu após a reunião em que o governo não aceitou revogar o processo de demissão que seria aplicado aos funcionários que tiveram participação na greve da categoria. Antes do encontro, os metroviários se mostraram dispostos a aceitar o aumento proposto pela Justiça, mas cobravam a revogação das demissões.

Participaram da reunião o presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes e o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido.

De acordo com Jurandir Fernandes, era inaceitável a readmissão dos metroviários demitidos. “Não houve acordo. É inadmissível a volta dos 42 demitidos. Não houve acordo e não haverá readmissão em hipótese alguma”, disse após a reunião.

Segundo o representante dos metroviários, Altino Prazeres, o presidente do Metrô, Luiz Antonio Pacheco, chegou a aceitar a readmissão dos demitidos durante a reunião. “Quando foi consultar o governador Geraldo Alckmin, a resposta final dele foi negativa”, disse.

Decisão da Justiça

No fim de semana, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgou abusiva e ilegal a greve dos metroviários durante sessão extraordinária realizada neste domingo, em São Paulo. Com a decisão, a multa diária anterior, estipulada em R$ 100 mil por dia não trabalhado, foi elevada para R$ 500 mil, pressionando ainda mais a categoria a voltar ao trabalho.

Normalidade nesta terça-feira

O Metrô de São Paulo opera normalmente nesta terça-feira, um dia após a suspensão da paralisação dos metroviários decidida em assembleia do sindicato na noite desta segunda. Todas as estações estão abertas e as composições funcionam normalmente. Os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e os ônibus também têm operação normal.

Com a suspensão da greve dos metroviários, o rodízio municipal de veículo volta a vigorar na região do centro expandido entre os horários de pico, das 7h às 10h e das 17h às 20h, para carros com placas final 3 e 4. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a capital registrava, às 7h25, 119 quilômetros de lentidão, índice acima da média para o horário.

Manifestante estende bandeira brasileira em frente aos policiais durante o quinto dia de greveReuters

Os metroviários de São Paulo decidiram nesta segunda-feira suspender temporariamente a greve após cinco dias de muitos problemas no transporte público, mas marcaram uma nova assembleia para quarta-feira, véspera da abertura da Copa do Mundo, para avaliar os rumos do movimento.

O sindicato afirma que está novamente em "estado de greve". "Continua a mobilização nas áreas. Vamos fazer a maior assembleia da história da categoria no dia 11. Esse deve ser o desafio do metroviário. Queremos negociar a volta dos metroviários demitidos. Ninguém vai ficar para trás", diz a nota.

Antes da assembleia desta terça-feira acabar, a assessoria de imprensa da Secretaria dos Transportes Metropolitanos havia informado que "o movimento estava perdendo força", já que das 65 estações do Metrô, 50 delas já estavam abertas e operando parcialmente. Cerca de 4,5 milhões de pessoas utilizam o metrô na cidade.

O desembargador Rafael Pugliese, do Tribunal Regional do Trabalho, definiu o reajuste salarial de 8,7% para a categoria, que reivindica um aumento de 12,2% nos salários. Na mesma decisão, a Justiça determinou o retorno imediato ao trabalho, sob pena de R$ 500 mil de multa diária.

Nesta segunda-feira, a tropa de choque da Polícia Militar entrou em confronto com grevistas que realizavam um piquete na estação Ana Rosa, na zona sul da capital. Uma avenida chegou a ser bloqueada com lixo queimado, e a polícia usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para liberar o acesso à estação. Treze metroviários chegaram a ser levados para a delegacia.

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