Por leonardo.rocha

Rio - A presidenta da República, Dilma Rousseff, concedeu uma entrevista exclusiva para a jornalista Christiane Amanpour, da rede norte-americana CNN, exibida nesta quinta-feira, onde falou sobre a discordância com as ações de espionagem dos Estados Unidos (EUA), corrupção brasileira e ditadura, além da derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo.

A presidente Dilma Rousseff%2C em entrevista à CNN%2C ao comentar a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa Reprodução Vídeo / CNN


Questionada sobre o esquema de espionagem do governo dos EUA, a presidenta disse que não acredita ser de responsabilidade da administração de Barack Obama, presidente dos EUA. Para ela, a prática revelada no ano passado contra cidadãos, empresas e autoridades brasileiras, inclusive ela própria, é um processo que vem ocorrendo desde o atentado de 11 de setembro de 2001, que derrubou as Torres Gêmeas do World Trade Center. Dilma ainda ressaltou que o Brasil e os EUA são grandes parceiros estratégicos e que isso “não implicou nenhuma ruptura com o governo de Barack Obama”.

“Então, nós manifestamos a questão para o governo Obama porque, no momento, o que nós dissemos a eles é que cada ato recíproco entre o Brasil e os Estados Unidos. Seria comprometido por revelações que nós não tínhamos controle, não sabíamos que existiam, e que queríamos duas coisas: uma garantia que não aconteceria mais, e o fato de que alguém tinha de se responsabilizar e falar para nós que não aconteceria”, declarou.

Após contar que no ano passado, quando conversou com Obama sobre o assunto, o governo americano estava equacionando o problema e não tinha condições de dar uma resposta, ela disse acreditar que hoje “eles deram vários passos positivos”.

Copa do Mundo

Durante a entrevista, a presidenta disse também que vai parabenizar a chanceler alemã, Angela Merkel, pela vitória da Alemanha por 7 a 1 sobre a seleção brasileira na última terça-feira, durante a semifinal da Copa do Mundo. As duas devem se encontrar neste domingo, antes e durante a decisão do Mundial entre Alemanha e Argentina no Rio de Janeiro.

"É essencial ter fair play. Além de saber ganhar, tem que saber perder. E, quando você perde, você tem que cumprimentar o seu adversário porque não é uma guerra, é um jogo. E é por isso que o futebol nos encanta”, disse a presidente, que entregará a taça ao capitão do time vencedor na final de domingo no Maracanã.

Questionada sobre os gastos da Copa, Dilma disse que os estádios foram financiados pelo governo e ressaltou que os gastou com Educação e Saúde foram "infinitamente superiores".

"Veja bem, nos estados, nos estádios foram gastos 8 bilhões de reais, mais ou menos 4 bilhões de dólares, nos estados. Esse gasto dos estádios, ele foi financiado pelo governo.. Nós gastamos, entre 2010 e 2013, com educação e saúde, nas três esferas de governo, 1 trilhão e 700 bilhões de reais, o que dá aproximadamente 850 bilhões de dólares, bilhões de dólares. Nós não gastamos, porque o resto dos gastos fica para o Brasil, não só para a Copa. Nem os estádios ficam só para a Copa. Os aeroportos, eles existem porque nós, de 2003 para 2013, nós passamos de 33 milhões de passageiros que viajavam de avião no Brasil para 113 milhões em 2013. Você veja que é... nós estamos fazendo aeroportos para nós mesmos", disse a presidenta.

Ditadura

O relato da presidente vai de encontro ao tema de campanha eleitoral de Dilma, que intitula a presidente como “Coração Valente” e como alguém que já esteve nas ruas, como os manifestantes que pedem melhorias ao País em manifestações ocorridas desde junho do ano passado.

“É muito difícil viver sob uma ditadura. Ditadura limita seus sonhos. E quando alguém não tem o direito de se expressar ou organizar seus esforços, qualquer ato de desacordo torna-se um ato de oposição sob a ditadura”, disse Dilma. A presidente acabou presa e torturada em 1970.

“Foi uma experiência, uma experiência na qual se aprende a resistir. E você percebe que só você, você mesmo, pode derrotar a si mesmo", ressaltou.

Corrupção

Dilma também foi questionada sobre os mecanismos que o governo federal adotou para o combate à corrupção. A presidenta falou sobre a criação do Portal da Transparência, para que a população possa acompanhar via internet os gastos do governo e monitorar se algo estiver errado.

“Eu acredito que essa é uma questão fundamental no país. Eu defendo, e a minha vida toda demonstra isso, eu defendo tolerância zero com a corrupção, e isso não pode ser só uma fala presidencial. Tem de resultar em modificações institucionais”, disse a presidente.

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