São Paulo - A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou, em nota divulgada nesta terça-feira, que, a exemplo do já praticado no Sistema Cantareira desde maio, deve também começar a utilizar o volume morto — aquele localizado sob as comportas de captação das represas — do Alto-Tietê, a partir de agosto.
Com o objetivo de evitar o secamento total das represas do sistema no atual momento de estiagem, a nova medida é vista com ressalvas por especialistas, devido ao volume praticamente irrisório da chamada "reserva técnica" no Alto Tietê, que não compensaria o investimento em obras.
Enquanto o Cantareira possuía em maio 400 bilhões de litros de água excedentes — dos quais 182 bilhões já foram bombeados para a superfície, o que em breve deve ocorrer com outros 100 bilhões — quando iniciou a retirada do volume morto, o Alto Tietê tem, segundo a Sabesp, 10 bilhões de litros na represa Biritiba-Mirim, onde a retirada teria início em agosto, e 15 bilhões de litros na represa Jundiaí, a serem bombeados, "caso haja necessidade, em novembro".
O professor José Roberto Kachel, que trabalhou no Alto Tietê por mais de uma década, afirma que o pouco volume morto existente no sistema não duraria mais de 20 dias no esquema de distribuição atualmente vigente em São Paulo. "Uma obra para essa retirada seria tão cara e complicada que nem compensaria ser feita. Além disso, diferente do Cantareira, que vai se recuperar apesar do sofrimento que vai ser para isso ocorrer, se o Alto Tietê esvaziar terá sua situação complicando de verdade."
Antônio Carlos Zuffo, chefe do Departamento de Hidrologia da Universidade de Campinas (Unicamp), concorda: "caso as chuvas previstas para o final do ano sejam menores do que a média histórica, iniciaremos janeiro com volumes negativos, em uma situação muito pior à que começamos 2014".
O Sistema Alto Tietê é composto pelas represas Ponte Nova Paraitinga, Biritiba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba.