Por nicolas.satriano

Rio - Os candidatos ao governo do Rio também lamentaram a morte do presidenciável Eduardo Campos, em desastre aéreo, na manhã desta quarta-feira. Em notas enviadas à imprensa, Luiz Fernando Pezão, Lindberg Farias e Anthony Garotinho prestaram solidariedade à família de Campos e das demais vítimas.

Pezão disse que "o país perde prematuramente" um homem honrado e "sempre atento às demandas sociais do povo brasileiro". Chamou Eduardo Campos de "um dos mais importantes nomes da política republicana" e considerou que a morte do candidato do PSB "fará muita falta à democracia brasileira".

Já Anthony Garotinho, disse lamentar o fato em nome da família e dos republicanos do Estado do Rio de Janeiro. Contou também que recebeu com tristeza a notícia do trágico acidente do falecimento do ex-governador de Pernambuco e e candidato à presidência.

Lindberg Farias se disse "profundamente chocado" e informou manifestar "total solidariedade" à mulher de Eduardo Campos, Renata, bem como aos filhos e familiares do candidato à presidência. O candidato ao governo do Rio pelo PT caracterizou Campos como "um pai exemplar e um homem público notável. Jovem, dinâmico e preparado".

O candidato pelo PRB, Marcelo Crivella, também lamentou a morte, que chamou de "prematura", de "um dos políticos mais importantes da atualidade". 

SAIBA: Candidato à Presidência Eduardo Campos morre em queda de jato

VEJA fotos do acidente: Eduardo Campos morre em queda de avião

Entenda

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião na manhã desta quarta-feira em Santos, no litoral de São Paulo. Campos, de 49 anos, foi governador de Pernambuco e estava em terceiro lugar nas últimas pesquisas para a corrida presidencial. O avião com Campos, que cumpriria agenda de campanha em Santos, saiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio de janeiro, em direção ao Guarujá. De acordo com a Aeronáutica, a aeronave arremeteu quando se preparava para o pouso devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o jato Cessna 560XL.

A candidata à vice na chapa do PSB à Presidência, a ex-senadora Marina Silva, não estava no avião. De acordo com a agenda de Campos, divulgada pela assessoria de imprensa, Marina passaria o "dia gravando em São Paulo".

Eduardo Campos começou a militância ainda na universidade%2C como presidente do Diretório AcadêmicoDivulgação

Campos nasceu no Recife (PE) em 10 de agosto de 1965. Filho de Ana Arraes, ex-deputada federal, e do escritor e advogado Maximiano Accioly Campos, com apenas 16 anos ingressou na Universidade Federal de Pernambuco para cursar Economia; aos 20, formou-se e foi o orador da turma.

Começou a militância ainda na universidade, como presidente do Diretório Acadêmico. Não traiu o sangue político da família: em 1986, trocou a possibilidade de um mestrado nos EUA pela participação na campanha que elegeu governador de Pernambuco o seu avô, Miguel Arraes – que passara 15 anos no exílio provocado pelo regime militar. Campos morreu no mesmo dia que Arraes. O líder político morreu de infecção generalizada em 13 de agosto de 2005.

Em 1990, depois de trabalhar como secretário de Governo do avô, filiou-se ao PSB e conquistou um mandato de deputado estadual. Chegou ao Congresso Nacional em 1994, dois anos depois de sofrer sua única derrota eleitoral até hoje: foi quinto lugar na eleição que levou Jarbas Vasconcelos pela segunda vez à prefeitura do Recife. Em 1998, foi reeleito para a Câmara dos Deputados como o deputado federal mais votado de Pernambuco. No seu terceiro mandato em Brasília, conquistado em 2002, atuou em defesa da candidatura de Lula, depois de um primeiro turno com Anthony Garotinho.

Ministro do governo Lula

Em 2003, estreitando os laços com Lula, tomou posse como ministro de Ciência e Tecnologia – o mais jovem no primeiro mandato do presidente. Em sua gestão, foi aprovada a lei que autoriza pesquisa com células-tronco. Data dessa época suas desavenças com o todo-poderoso José Dirceu.

Eduardo Campos foi ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro mandato de LulaDivulgação

Em 2005, Campos e Aldo Rebelo, então ministro de Relações Institucionais, manobraram para barrar a CPI dos Correios, que trouxe à tona o mensalão. Numa reunião com Dirceu, que terminou em clima hostil, Campos teria sido aconselhado a desistir da candidatura ao governo de Pernambuco em favor do petista Humberto Costa. “Eu não preciso do PT para ser governador. A única pessoa a quem eu tenho de dar satisfação é Lula”, teria respondido. Mais tarde ganharia pontos adicionais com o presidente ao ser fiel durante a crise do mensalão e ao retirar sua candidatura à presidência da Câmara em favor de Rebelo.

Governo de Pernambuco

Depois de assumir a presidência do PSB em 2004, lançou um ano depois sua candidatura ao governo de Pernambuco. O curioso é que, durante a campanha, Lula resolveu apoiar não apenas um candidato, mas dois: além de Campos, esteve também ao lado de Humberto Costa, o indicado pelo PT, numa manobra arriscada para enfraquecer a hegemonia do ex-governador Jarbas Vasconcelos, que apoiava a reeleição de Mendonça Filho. Campos e Mendonça chegaram ao segundo turno com a vitória do primeiro, que aglutinou mais de 60% dos votos válidos.

Eduardo Campos em campanha à presidência deste ano%2C quando disputava cargo junto com a vice Marina SilvaDivulgação

Desde a cerimônia de posse – marcada pela presença de camponeses, lembrando o clima que havia nos tempos do avô Miguel Arraes –, Campos realizou um governo sem percalços. Tudo lhe foi favorável para que seu nome ficasse mais conhecido nacionalmente. Uma das vitaminas estimulantes de sua gestão foi a atração de recursos do governo federal – de longe o maior investidor na economia local. Em 2010, disputou a reeleição, e, mais uma vez, contou com a mão de Lula durante a disputa.

Saiu-se com folgada vitória ainda no primeiro turno: quase 80% dos votos válidos, enterrando de vez o seu maior adversário político, o senador Jarbas Vasconcelos.

Em 2013, Campos rompeu com o governo Dilma para concorrer à Presidência da República. Às vésperas do encerramento do prazo eleitoral para as inscrições das candidaturas, ele anunciou a aliança com a ambientalista Marina Silva, que não conseguiu inscrever seu partido para a disputa do pleito. Em entrevista ao programa Canal Livre, da 'TV Bandeirantes', ele explicou porque decidiu concorrer ao mais alto cargo do Executivo. "O Brasil sair desse presidencialismo de coalisão, desse cenário de baixo crescimento, inflação alta, carga tributária se elevando e nada de inovador sendo feito. Entendemos que é hora de construir uma alternativa que preserve as conquistas sociais, renove a política e aponde as possibilidades do Brasil ir mais longe"

Eduardo Campos participou de sapatina no Jornal Nacional nesta terça-feira (12)TV Globo / Divulgação

A última entrevista do candidato à presidência Eduardo Campos foi ao Jornal Nacional na noite desta terça-feira. Quando questionado sobre como pretendia ampliar os programas sociais criados no governo Lula e ao mesmo tempo enfrentar a inflação, Campos afirmou que a “única promessa é melhorar a vida do povo brasileiro”.

Você pode gostar