São Paulo - O candidato Aécio Neves (PSDB) fez um pronunciamento no começo da noite desta quarta-feira lamentando a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O tucano definiu o político morto em um acidente aéreo em Santos nesta manhã como "um dos maiores representantes da boa política". Aécio disse ainda que a morte de Campos "dói fundo no coração de todos".
"Hoje é um dia de imensa tristeza para todos os brasileiros. Eduardo era um dos maiores representantes da boa política. Convivi com ele por mais de 20 anos. É uma admiração que não termina com sua morte trágica. O fato de estarmos em partidos diferentes não nos impediu de conversar sobre o Brasil".
O candidato do PSDB à Presidência informou que suspendeu a agenda de campanha para os próximos dias. Mais cedo, em sua conta no Facebook, Aécio havia prestado condolências à família do ex-governador Pernambucano.
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"O Brasil perde um dos seus mais talentosos políticos, que sempre lutou com idealismo por aquilo em que acreditava. A perda é irreparável e incompreensível. Nesse momento, minha família e eu nos unimos em oração à família de Eduardo, seus amigos e a milhões de brasileiros que, com certeza, partilham a mesma perplexidade e pesar", escreveu.
Mensagem de Dia dos Pais
Durante o pronunciamento, Aécio Neves revelou que recebeu uma mensagem de Dia dos Pais do ex-governador. "Ele e Renata (viúva de Eduardo Campos) foram os primeiros a nos mandar uma mensagem cumprimentando pela chegada do Bernardo (filho prematuro de Aécio que ficou 65 dias no hospital e teve alta no último domingo). Eduardo tinha uma família extraordinária, alegre, coesa. Ele sempre foi um homem caloroso e uma figura pública especial. É uma perda que dói fundo no coração de todos nós".
Eduardo Campos morreu em um acidente de avião na manhã desta quarta-feira
O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião na manhã desta quarta-feira em Santos, no litoral de São Paulo. Campos, de 49 anos, foi governador de Pernambuco e estava em terceiro lugar nas últimas pesquisas para a corrida presidencial. O avião com Campos, que cumpriria agenda de campanha em Santos, saiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio de janeiro, em direção ao Guarujá. De acordo com a Aeronáutica, a aeronave arremeteu quando se preparava para o pouso devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o jato Cessna 560XL.
Campos nasceu no Recife (PE) em 10 de agosto de 1965. Filho de Ana Arraes, ex-deputada federal, e do escritor e advogado Maximiano Accioly Campos, com apenas 16 anos ingressou na Universidade Federal de Pernambuco para cursar Economia; aos 20, formou-se e foi o orador da turma.
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Começou a militância ainda na universidade, como presidente do Diretório Acadêmico. Não traiu o sangue político da família: em 1986, trocou a possibilidade de um mestrado nos EUA pela participação na campanha que elegeu governador de Pernambuco o seu avô, Miguel Arraes – que passara 15 anos no exílio provocado pelo regime militar. Campos morreu no mesmo dia que Arraes. O líder político morreu de infecção generalizada em 13 de agosto de 2005.
Em 1990, depois de trabalhar como secretário de Governo do avô, filiou-se ao PSB e conquistou um mandato de deputado estadual. Chegou ao Congresso Nacional em 1994, dois anos depois de sofrer sua única derrota eleitoral até hoje: foi quinto lugar na eleição que levou Jarbas Vasconcelos pela segunda vez à prefeitura do Recife. Em 1998, foi reeleito para a Câmara dos Deputados como o deputado federal mais votado de Pernambuco. No seu terceiro mandato em Brasília, conquistado em 2002, atuou em defesa da candidatura de Lula, depois de um primeiro turno com Anthony Garotinho.
Ministro do governo Lula
Em 2003, estreitando os laços com Lula, tomou posse como ministro de Ciência e Tecnologia – o mais jovem no primeiro mandato do presidente. Em sua gestão, foi aprovada a lei que autoriza pesquisa com células-tronco. Data dessa época suas desavenças com o todo-poderoso José Dirceu.
Em 2005, Campos e Aldo Rebelo, então ministro de Relações Institucionais, manobraram para barrar a CPI dos Correios, que trouxe à tona o mensalão. Numa reunião com Dirceu, que terminou em clima hostil, Campos teria sido aconselhado a desistir da candidatura ao governo de Pernambuco em favor do petista Humberto Costa. “Eu não preciso do PT para ser governador. A única pessoa a quem eu tenho de dar satisfação é Lula”, teria respondido. Mais tarde ganharia pontos adicionais com o presidente ao ser fiel durante a crise do mensalão e ao retirar sua candidatura à presidência da Câmara em favor de Rebelo.
Governo de Pernambuco
Depois de assumir a presidência do PSB em 2004, lançou um ano depois sua candidatura ao governo de Pernambuco. O curioso é que, durante a campanha, Lula resolveu apoiar não apenas um candidato, mas dois: além de Campos, esteve também ao lado de Humberto Costa, o indicado pelo PT, numa manobra arriscada para enfraquecer a hegemonia do ex-governador Jarbas Vasconcelos, que apoiava a reeleição de Mendonça Filho. Campos e Mendonça chegaram ao segundo turno com a vitória do primeiro, que aglutinou mais de 60% dos votos válidos.
Desde a cerimônia de posse – marcada pela presença de camponeses, lembrando o clima que havia nos tempos do avô Miguel Arraes –, Campos realizou um governo sem percalços. Tudo lhe foi favorável para que seu nome ficasse mais conhecido nacionalmente. Uma das vitaminas estimulantes de sua gestão foi a atração de recursos do governo federal – de longe o maior investidor na economia local. Em 2010, disputou a reeleição, e, mais uma vez, contou com a mão de Lula durante a disputa.
Saiu-se com folgada vitória ainda no primeiro turno: quase 80% dos votos válidos, enterrando de vez o seu maior adversário político, o senador Jarbas Vasconcelos.
Em 2013, Campos rompeu com o governo Dilma para concorrer à Presidência da República. Às vésperas do encerramento do prazo eleitoral para as inscrições das candidaturas, ele anunciou a aliança com a ambientalista Marina Silva, que não conseguiu inscrever seu partido para a disputa do pleito. Em entrevista ao programa Canal Livre, da 'TV Bandeirantes', ele explicou porque decidiu concorrer ao mais alto cargo do Executivo. "O Brasil sair desse presidencialismo de coalisão, desse cenário de baixo crescimento, inflação alta, carga tributária se elevando e nada de inovador sendo feito. Entendemos que é hora de construir uma alternativa que preserve as conquistas sociais, renove a política e aponde as possibilidades do Brasil ir mais longe"
A última entrevista do candidato à presidência Eduardo Campos foi ao Jornal Nacional na noite desta terça-feira. Quando questionado sobre como pretendia ampliar os programas sociais criados no governo Lula e ao mesmo tempo enfrentar a inflação, Campos afirmou que a “única promessa é melhorar a vida do povo brasileiro”.