São Paulo - Foragido desde 2011, o ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, foi preso, ontem, em Assunção, capital do Paraguai, onde morava em uma casa de luxo. Ele foi capturado por policiais federais e agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad). No Brasil, ele havia sido condenado a 278 anos de prisão por 52 estupros a 39 mulheres. Abdelmassih tinha como clientes várias mulheres de famosos.
Ontem, à tarde, o ex-médico foi trazido de volta ao país. Chegou escoltado em Foz do Iguaçu, no Paraná, de onde será levado para São Paulo. Seu nome estava numa lista dos dez criminosos mais procurados de São Paulo. Ele também estava no sistema da Interpol. Informações sobre seu paradeiro seriam recompensadas com R$ 10 mil pela Secretaria de Segurança Pública. Ele foi preso no bairro Villa Morra, no início da tarde, perto da escola dos seus dois filhos, gêmeos de 3 anos. Casado com a ex-procurada da Repúblia Larissa Maria Sacco, de 37 anos, e morava com ela numa residência luxuosa em San Cristóbal, também em Assunção.
O ex-médico teria vivido em vários países europeus antes de ir para o Paraguai, onde estaria há três meses. Nas redes sociais, a prisão do homem que é um dos pioneiros da fertilização in vitro no Brasi foi comemorada. Abdelmassih é esperado no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na manhã de hoje.
A prisão dele começou a ser articulada durante investigação do Ministério Público de São Paulo. O órgão havia instaurado procedimento para apurar novos crimes praticados pelo ex-médico e por terceiros, como favorecimento pessoal, falsidade ideológica e material. Foram realizadas diligências em cidades do interior do estado como Avaré, onde houve busca em um imóvel rural, com autorização da Justiça local e com o apoio da Polícia Civil de São Paulo. Ao longo da investigação, chegou-se ao paradeiro de Abdelmassih, no Paraguai. A vida do ex-médico começou a mudar em 2008, quando ele foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público, por agarrar uma funcionária da sua clínica, que ficava na região dos Jardins, área nobre da capital paulista. Com a repercussão do caso, várias mulheres o denunciaram. Elas contaram que foram estupradas, sob efeito sedativo, em consultas médicas.
Na época,Abdelmassih afirmou que pesquisas científicas mostravam que o sedativo usado na clínica poderia causar "comportamento amoroso" e "alucinações com conotação sexual" nas mulheres. Em junho de 2009, ele foi indiciado por esturpro e atentado violento ao pudor e ficou preso por quatro meses. Em dezembro, do mesmo ano, o ex-médico foi solto após o ministro Gilmar Mendes, do STF, conceder um habeas corpus revogando a prisão
Em 2010, ele foi condenado a 278 anos de reclusão, mas não foi preso por conta de novo habeas corpus. Em janeiro, de 2011, foi decretada sua prisão após o ex-médico tentar renovar seu passaporte, o que sugeria que ele ia fugir do país. Desde, então, era considerado foragido.
Lista de celebridades
Nas redes sociais, a prisão do ex-médico foi comemorada. Na página ‘Vítimas de Roger Abdelmassih e Clínica’, no Facebook, muitas mulheres deixaram mensagens em que mostram alívio pela prisão. “Que esse desgraçado pague por toda dor que ele causou. Monstro. Tomara que finalmente ele seja tratado todo dia como tratou as pessoas que ele violentou”, escreveu uma internauta. Outra postou: “A justiça divina foi feita! Deus não demora, ele capricha”. Mas há também quem se mostre um pouco descrente de que ele ficará preso por muito tempo: “Agora eu quero ver se realmente ele vai ficar atrás das grades pelo tempo merecido.”
Abdelmassih ficou conhecido por ser o médico de celebridades. Foi o responsável pela inseminação artificial de filhos do Pelé, Gugu Liberato, Tom Cavalcante e Carlos Alberto de Nóbrega. O faturamento estimado da sua clínica, na época que foi preso, era de R$ 2 milhões. A Polícia Federal acredita que o ex-médico chegou ao Paraguai por terra. Na capital do país, ele não trabalhava. Abdelmassih teria ficado em choque quando foi dada a voz de prisão. No momento, ele estava na companhia da sua mulher.
