Rio - Há grande expectativa em relação às pesquisas de opinião que serão divulgadas esta semana. Pelas informações que correm nos comitês de campanha, o vento continua soprando a favor de Marina Silva, que abriu ainda mais a vantagem sobre Aécio Neves no primeiro turno e já se aproxima de Dilma Rousseff.
As simulações do segundo turno, ao que se comenta, vão confirmar a pesquisa do Datafolha, com a candidata do PSB à frente da presidenta. Embora reconheçam que o momento é desfavorável, os tucanos fazem o possível para manter o ânimo. Acreditam que será possível virar o jogo nos quarenta dias que faltam até a eleição. No PT, o ambiente também mudou. Tudo que Dilma não quer é enfrentar Marina num segundo turno. Ela e seus principais conselheiros sabem que a ex-ministra tem carisma e votos. É uma adversária temível.
Políticos costumam dizer que as pesquisas de intenção de votos são meros retratos de um momento. O que importa é a voz das urnas. É verdade, mas não chega a ser uma verdade absoluta. Os principais institutos, como Ibope e Datafolha, aperfeiçoaram a metodologia e hoje trabalham com margem de erro pequena. A cada eleição, aumenta o grau de acerto e, quando há erros, são explicados pelo alto número de indecisão na véspera do pleito ou por movimentos abruptos dos candidatos. Mas há muito tempo não há notícia de equívocos graves, como ocorria no passado.
Diz o folclore que alguns institutos de menor peso distorcem pesquisas atendendo a interesse de seus clientes, mas mesmo assim corrigem os resultados quando a eleição se aproxima. Não podem correr o risco de se desmoralizar.
As pesquisas vêm aí e devem apontar para um segundo turno entre Marina e Dilma. Se assim for, duas mulheres vão disputar o direito de ocupar a Presidência da República pela primeira vez na história do Brasil. Em 2010, Marina surpreendeu, mas não chegou à reta final. Desta vez tudo indica que será diferente. Deve se repetir por aqui o que se viu no Chile no final do ano passado quando Michelle Bachelet voltou ao Palácio de la Moneda, ao derrotar a candidata da direita, filha de um general de Pinochet.
Confirma-se a tendência de presença cada vez maior das mulheres na política, o que é coerente com a presença também cada vez maior das mulheres em atividades antes restritas aos homens. O nome do fenômeno é complicado — empoderamento —, mas o fato é que o poder feminino não para de crescer.
Dilma Rousseff é a primeira mulher presidente do país, mas não foi a primeira a governá-lo.
A primazia coube à princesa Isabel, que por várias vezes ocupou o trono no lugar de seu pai, D. Pedro II, que costumava fazer longas viagens. Numa das ausências do imperador, sua filha promulgou a Lei Áurea, que pôs fim à escravidão e, como consequência, apressou a queda da monarquia. Isabel morreu no exílio e D.Pedro II também. Enquanto esteve no poder, ela soube se impor aos diversos gabinetes formados por homens.
Dilma, é mais do que sabido, também tem personalidade forte, além de pavio curto. Pelas reações de alguns quadros do PSB que deixaram a coordenação de campanha a contragosto, ficou claro que Marina Silva, apesar da aparência frágil, também não é de se intimidar. É boa de briga. Portanto, que os eleitores se preparem para o duelo entre Marina e Dilma. Nas redes sociais, a briga já começou.