Brasília - Em reunião de emergência ontem em Brasília que contou com a participação de cinco ministros, o governo anunciou a criação de uma comissão para investigar os erros do IBGE em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad, divulgada na quinta-feira. A pesquisa indicava aumento das desigualdades no país, quando o índice apresentou ligeira queda em 2013.
O instituto veio a público fazer a correção no dia seguinte à divulgação dos dados. Segundo a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a comissão de sindicância terá 60 dias para investigar o caso. A ministra não descartou punições aos funcionários e a demissão da própria presidenta do instituto, Wasmália Bivar.
Belchior revelou que a presidente Dilma Rousseff ficou “perplexa” com o erro na Pnad. “Ela (Dilma) reagiu como a gente disse, absolutamente perplexa que o IBGE possa ter cometido um erro tão básico, que é não ter feito o processo de checagem e rechecagem”, afirmou a ministra.
Na sexta-feira, o IBGE admitiu “erros graves” na Pnad divulgada quinta-feira. O problema estava relacionado aos números das regiões metropolitanas de sete estados brasileiros, o que afetou o resultado nacional em vários segmentos.
A desigualdade de renda proveniente do trabalho, por exemplo, diminuiu em vez de aumentar, como primeiramente constava. O índice que mensura a desigualdade, o Geni, anunciado primeiramente para 2013 foi 0,498, ante 0,496 de 2012, o que caracterizava aumento. O número correto, segundo o instituto, é 0,495, queda em relação aos 0,496 de 2012. Foram ouvidas 363 mil pessoas na pesquisa.
Depois de uma breve fala, a ministra deixou a coletiva, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, passou a fazer uma análise dos índices corrigidos, destacando que a desigualdade está em queda. Néri destacou que, apesar de não ter dados consolidados, 2014 terá a maior queda na desigualdade nos últimos dez anos. O ministro também ressaltou que o rendimento dos brasileiros cresceu, em média, 5,5% por ano entre 2011 e 2013.
No entanto, os dados revelam queda de crescimento em 2013. De 2011 a 2012, o crescimento médio da renda foi de 7,66%, enquanto de 2012 a 2013, esse percentual foi de 3,46%. Também participaram da reunião ontem em Brasília os ministros da Educação, Henrique Paim, e a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
Erro dá munição a candidatos
Candidatos à Presidência da República, Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) aproveitaram o erro na pesquisa do IBGE para atacar o governo da presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição. Durante agenda em Campinas (SP) ontem, Marina atribuiu a falha na Pnad a um “reflexo de má gestão, que cria essa situação inaceitável”.
Aécio disse que o episódio marca mais uma “desmoralização” das instituições.. “Era para estamos comemorando os dados positivos, mas ninguém acredita mais, as pessoas desconfiam dos dados desse governo. O IBGE é a instituição que mostra pra onde deveríamos ir, e até isso está em xeque “, afirmou Aécio durante campanha em Minas.
