Por thiago.antunes

Rio - Parece que no Rio o vento está soprando a favor da reeleição do governador Luiz Fernando Pezão. Além de ter ultrapassado Garotinho nas pesquisas de intenções de voto do primeiro turno, o peemedebista já abre grande vantagem em relação ao candidato do PR nas simulações de segundo turno. Em parte, o avanço de Pezão não exigiu maior esforço. É resultado da enorme rejeição do polêmico político de Campos.

Se na esfera estadual a sorte está lançada, muito diferente é o cenário da disputa pela Presidência da República. Ao que tudo indica, salvo improvável reviravolta de última hora, a presidenta Dilma e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina são as escolhas da maioria. E o tucano Aécio Neves não tem mais tempo para reagir. Mas é imprevisível o desfecho do mano a mano entre Dilma e Marina no domingo 26 de outubro.

Dilma passou a liderar com folga o primeiro turno. Estão falando mais alto a máquina do PT, o latifúndio na televisão (bem gerido pelo marqueteiro João Santana) e a infraestrutura do poder. Na verdade, ela só não tem chance de se reeleger no dia 5 de outubro porque é alvo de forte rejeição, principalmente em São Paulo, que representa um quarto do eleitorado nacional.

Ao que tudo indica, salvo improvável reviravolta de última hora, a presidenta Dilma e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina são as escolhas da maioriaReuters

No caso de Dilma, a rejeição nada tem a ver com seu perfil ou com práticas políticas viciadas (que é o caso de Garotinho, segundo as denúncias do Ministério Público Eleitoral). O problema da presidente está no balanço de seu governo, que realmente não se saiu bem em algumas frentes, com destaque para o mau desempenho da economia. Tanto assim que ela anunciou que, se reeleita, não reconduzirá o ministro da Fazenda, Guido Mantega (a pedido do próprio). “Novo governo, nova equipe”, afirmou a petista.

Marina Silva já esteve em situação mais confortável, mas a subida vertiginosa foi estancada pela ação dos adversários e também por erros cometidos por seus assessores. Além disso, a ex-ministra enfrenta as limitações de sua campanha. O tempo no programa de TV é exíguo e a oferta de palanques também. Ela não dispõe de máquina partidária —o PSB, apesar de vir de longe, é bem modesto — e muito menos de aliados fortes na disputa por vagas no Congresso ou pelos governos estaduais.

Faz uma campanha franciscana em termos financeiros, na qual prevalece o boca-a-boca. Isso pode ser coerente com a proposta de nova política, mas em nada contribui para atrair os eleitores. Outro ponto de desgaste são os temores em relação à sua opção religiosa. A rigidez do credo evangélico não é bem cotada entre os jovens, por exemplo. O conservadorismo religioso bateria de frente com o desejo de mudança.

Mas o segundo turno será outra eleição. Hoje, há empate técnico nas pesquisas, com nítida divisão dos votos da classe média. Por 15 dias, Dilma e Marina terão o mesmo tempo de exposição na TV para definir a disputa. João Santana vai se esforçar para mostrar aos eleitores que a presidente merece ser reeleita porque pode fazer mais e melhor.

Também tentará mostrar uma face de Dilma mais humana e menos tecnocrática. Marina, que é carismática, não precisará perder tempo com isso. Mas terá de provar que seu governo é viável politicamente e que saberá separar a gestão administrativa da fé no Evangelho. Não vai faltar emoção à reta final. E a classe média será decisiva. Haja coração!

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