Minas Gerais - O diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, Luiz Arthur Castanheira, anunciou ontem que, pela primeira vez na vez na história, a nascente do Rio São Francisco secou. O rio nasce no Parque e percorre 2.800 quilômetros, passando pelos estados da Bahia e de Pernambuco e dividindo Alagoas e Sergipe até desaguar no Atlântico.
Castanheira explicou que a situação da nascente do rio ilustra a gravidade da estiagem que atinge o Estado de Minas Gerais, mas não significa que o rio vai secar também. Ele lembrou que há vários afluentes que engrossam o São Francisco ao longo de seu trajeto.
Segundo Castanheira, a seca na nascente foi percebida por funcionários do Parque Nacional que fazem diariamente vistorias no local. “O pessoal mais antigo aqui do parque está assustado”, disse ele, referindo-se à seca.
Castanheira afirmou que a redução do volume na nascente no rio já vinha sendo percebida, em consequência da longa estiagem. “A situação chegou a esse ponto não foi da noite para o dia. Foi de forma gradativa”, afirmou ele, que nunca tinha visto a nascente secar.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, classificou a situação de preocupante. Ele lembrou que a redução de volume de água no São Francisco afeta a diversidade biológica e o funcionamento das barragens ao longo do leito do rio. “As principais barragens do Alto São Francisco, Três Marias e Sobradinho, estão sendo ameaçadas e perto do limite de volume útil de água”.
O volume da Represa de Três Marias, a primeira barragem ao longo do rio, chegou a 6% esta semana e a de Sobradinho, a 31%. Os índices são considerados perigosos por Miranda e, segundo ele, causam impactos sobre a natureza e podem afetar a produção de eletricidade.
Ele explicou que as consequências da seca e da queda de volume já são registradas no Baixo São Francisco. “Com o nível baixo, o oceano está invadindo o rio e salinizando a água doce”, informou Anivaldo Miranda.
A expectativa dele é que a situação melhore a partir de outubro, com a ocorrência de chuvas mais fortes. Mas o Ministério Público Federal de Sete Lagoas, em Minas Gerais, abriu sindicância para investigar a redução do volume do rio e a atuação dos órgãos envolvidos.