Brasília - Investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava-Jato apuram a possibilidade de as doações de campanha feitas por pelo menos sete empreiteiras a partidos como PT, PMDB ou PP nos últimos oito anos terem sido uma forma indireta de pagamento de propina para obtenção de contratos públicos junto à Petrobras.
Desde o desencadeamento da Operação Lava-Jato, a PF e o MPF tem monitorado doações de empresas como a Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, entre outras, a partidos políticos. Em uma das linhas de investigação, apura-se se o ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, intermediava esse acordo entre as empresas e os partidos políticos.
Em depoimento prestado em outubro à Justiça Federal do Paraná, Paulo Roberto Costa afirmou que alguns contratos celebrados pela Petrobras eram superfaturados e cerca de 3% do faturamento era destinado à partidos políticos. A suspeita da PF e do MPF é que, por meio de Costa, as doações de campanha feitas por empreiteiras, legalizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também serviam como um pagamento indireto de propina por contratos conquistados junto à Petrolífera.
As investigações da Lava-Jato apontam a possibilidade de que o ex-diretor de refino da Petrobras mantinha contato direto com representantes da Camargo Corrêa, OAS, UTC, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Engevix e Mendes Júnior para a obtenção de recursos de campanhas eleitorais.
“Alguns desses nomes (de representantes das empresas) também encontram-se anotados em agenda que foi apreendida na residência de Paulo Roberto Costa, em parte atinente a contatos junto às empreiteiras para obtenção de doações eleitorais”, afirma o juiz Sérgio Moro, nos mandados de prisão preventiva, temporária e condução coercitiva cumpridos na semana passada pela Polícia Federal.
Entre os nomes apontados como intermediários na obtenção de recursos de campanha estão Eduardo Hermelino Leite, Dalton dos Santos Avancini e João Ricardo Auler, pela Camargo Corrêa; José Aldemário Pinheiro Filho (Leo Pinheiro) e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, pela OAS; na UTC, o contato era com Ricardo Ribeiro Pessoa; na Queiroz Galvão, com Othon Zanoide de Moraes Filho e Ildefonso Colares Filho; na Galvão Engenharia, com Erton Medeiros Fonseca; na Engevix com Gerson de Mello Almada e na Mendes Júnior, com Sergio Cunha Mendes.
Somente nas eleições de 2010, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), essas empresas citadas nas investigações da Lava-Jato doaram R$ 38,6 milhões aos diretórios nacionais do PT, PP e PMDB. O diretório nacional do PT, sozinho, levantou R$ 29,8 milhões; o diretório nacional do PMDB, arrecadou junto a essas empresas R$ 6,8 milhões e o PP, R$ 1,9 milhões.
Todas as empresas citadas na Operação Lava-Jato negaram as acusações. Elas afirmaram ainda que estão colaborando com as investigações e afirmaram que as doações relacionadas a partidos políticos foram absolutamente legais.