Por bferreira
Suíça - A Justiça da Suíça confirmou ontem a repatriação dos cerca de 26 milhões de dólares depositados nas contas bancárias do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que é investigado pela Polícia Federal e Ministério Público na Operação Lava Jato.
Três procuradores brasileiros — um deles Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot — estão naquele país para acertar a transação bancária e tentar localizar mais dinheiro. Os alvos são outros investigados, principalmente Renato Duque, que esteve à frente da diretoria de Serviços da Petrobras e que ainda não aceitou fazer um acordo de delação premiada.
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Até ontem não estava definida, porém, a data da devolução do dinheiro. Segundo o procurador Orlando Martello, que está na Suíça, a repatriação já era esperada. De acordo com ele, a Procuradoria brasileira não pressionou sobre prazos, por querer respeitar o procedimento suíço, aproveitando o clima de “muito boa cooperação”. “Pode levar um mês, dois meses, um ano”, disse.
Ele acrescentou que, pelos acordos de cooperação, o dinheiro pode ser enviado de volta ao Brasil antes mesmo que haja uma condenação pela Justiça de Paulo Roberto Costa.
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Também foram analisados ontem extratos de bancos que revelam a extensão da corrupção de Paulo Roberto Costa. “Analisamos os documentos pela primeira vez, mas não podemos falar do conteúdo”, afirmou Martello, contando que a Procuradoria-Geral da República assinou, a pedido dos suíços, um acordo de sigilo total sobre o caso.
O Ministério Público da Suíça, por nota, informou que as investigações que levaram à descoberta da conta bancária do ex-diretor da Petrobras não se encerraram, mas que, até que tudo seja concluído, nenhuma informação detalhada sobre o procedimento poderá ser divulgada. Há o temor de que qualquer vazamento atrapalhe os investigadores.
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Lá, existe uma sindicância paralela, que começou no dia 11 de abril e faz parte do esforço do próprio país em combater a lavagem de dinheiro. Os suíços pediram ajuda às autoridades brasileiras. Foi assim que o Brasil descobriu a existência da conta bancária de Paulo Roberto Costa naquele país.
O chefe de gabinete da procuradoria Eduardo Pelella também acompanhou este ano, na Itália, a batalha para tentar extraditar o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Condenado à prisão por participar do mensalão, ele fugiu para a Itália.
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Políticos serão alvo do Supremo
Com o fim da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve pedir as primeiras aberturas de inquérito contra políticos que detêm foro privilegiado. Janot vai fazer uma análise do material com os depoimentos de Youssef e também do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
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O procurador indicará também quais dos envolvidos sem foro deverão ser processados pelo Supremo Tribunal Federal. Janot pretende abrir vários inquéritos no Supremo.
Alguns podem englobar mais de um político, caso a atuação esteja interligada. O mesmo sistema será usado para envolvidos sem foro, que poderão responder no STF caso sua participação seja muito próxima de uma autoridade.
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