Por bferreira
Rio - Em meio à Operação Lava Jato, empreiteiras investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal desembolsaram oficialmente pelo menos R$ 250 milhões para partidos políticos e candidatos nas eleições deste ano.

As doações foram feitas pela Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Correia, UTC, Engevix e Galvão Engenharia, que tiveram suas sedes ocupadas pela Polícia Federal (PF) no último dia 14, com mandados de busca e apreensão, e — com exceção da Odebrecht — seus presidentes e diretores, presos.

Veja as doações milionáriasArte%3A O Dia

Outras duas, Camargo Correia e Iesa, não fizeram doação a nenhum candidato, conforme mostra o levantamento feito pelo DIA com base nos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral a partir dos CNPJs das empresas e de suas subsidiárias.

O grupo é suspeito de participar de esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras e de distribuição de propinas, que regariam justamente as máquinas partidárias. Pelos cálculos do banco americano Morgan Stanley, as perdas da estatal podem chegar a R$ 21 bilhões.
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Do total repassado pelas empreiteiras para a disputa eleitoral, 34% (R$ 72,5 milhões) foram para os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
À frente da disputa a maior parte do tempo, a petista arrecadou mais dinheiro do ‘clube’ — forma como se autoclassificavam, segundo as investigações do MPF, os executivos das empresas que sempre ganhavam os contratos da Petrobras.
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Dos R$ 351 milhões faturados por Dilma, 15% (R$ 53 milhões) saíram só das empresas investigadas; enquanto Aécio, de tudo que recebeu (R$ 223 milhões), 8% (R$ 19 milhões) eram delas.
Os outros R$ 177,5 milhões desembolsados pelas empreiteiras foram distribuídos para o resto dos presidenciáveis e para os candidatos aos governos de estado e ao Legislativo. Na disputa por uma vaga no Congresso, não houve critério ideológico de preferência.
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Com R$ 4 milhões de diferença, o PT foi o que mais recebeu dinheiro das investigadas. Os petistas arrecadaram R$ 56 milhões contra R$ 52 milhões de seus adversários tucanos. O aliado PMDB (R$ 41 milhões) e o partido com o qual Marina Silva concorreu à Presidência, o PSB, com R$ 13 milhões, vêm atrás.
Senado pede informações aos EUA
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A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou requerimento em que solicita informações às autoridades dos Estados Unidos sobre investigações envolvendo a Petrobras.
Os senadores querem acesso “imediato e tempestivo” a todas as decisões referentes a processos movidos contra a estatal. O Departamento de Justiça Americano e o órgão regulador do mercado de capitais americano investigam se houve pagamento de propina a funcionários da empresa por americanos.
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A troca de informações ocorrerá entre os congressos brasileiro e o americano.
Para o Palácio do Planalto, essas investigações nos Estados Unidos preocupam, porque têm potencial de impactos econômico e financeiro negativos na estatal brasileira.
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Além de multas e indenizações pesadas, com risco de pedido de prisão de executivos, a imagem da governança da Petrobras no exterior pode ficar arranhada a partir do que for apurado pelos órgãos americanos.
Os senadores querem discutir o caso, em audiência pública, com a presidenta da Petrobras, Graça Foster; o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o presidente do TCU, Augusto Nardes; e representantes dos órgãos americanos.
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