Por victor.duarte
Brasília - Pela primeira vez, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, admitiu ao Congresso que “dezenas de políticos” estavam envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. Em depoimento à CPI mista que apura irregularidades na estatal, Costa disse ainda estar “arrependido” de ter aceitado o cargo de diretor e que todas as nomeações são políticas desde o governo Sarney. Além disso, afirmou estar “enojado” com o caso, e que “o que acontece na Petrobras acontece no Brasil inteiro, nas rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas”.
Nesta terça-feira, Costa e Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, foram postos frente a frente para uma acareação. Em depoimento à Justiça, Costa afirmou que houve pagamento de propina para que a empresa adquirisse a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Cerveró negou as irregularidades.
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Além disso, Costa é apontado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como responsável por receber dinheiro de propina pago por empreiteiras a partidos políticos. Segundo a PF, é ele quem fazia o repasse ao PP, ao PMDB e ao PT.
Quando questionado por parlamentares, o ex-diretor de Abastecimento da estatal apenas confirmou tudo o que disse à Justiça, sob o acordo de delação premiada. Ele está colaborando com as investigações e disse ter feito o acordo por orientação da família. “Fiz a delação para dar um sossego à minha alma e conforto à minha família”, afirmou ele.
Ex-diretor Paulo Roberto Costa durante acareação com Nestor Cerveró%2C na CPMI da PetrobrasAntônio Cruz / Agência Brasil

Depois, disse estar arrependido de ter aceitado o posto. “Infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a diretoria de Abastecimento. Estou extremamente arrependido de fazer isso. Se pudesse, não teria feito isso. Foi tudo para tornar minha alma mais pura, confortável, para mim e minha família”, afirmou Costa.

Perto do fim da sessão da CPI mista, o deputado Enio Bacci (PT-RS) pediu uma estimativa sobre o número de políticos envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras. “O senhor não pode me deixar numa situação aqui meio constrangedora, mas, algumas dezenas”, disse o ex-diretor.

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Cerveró nega ter recebido propina de empresas

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró negou ter recebido propina para firmar contratos com empreiteiras na Petrobras. Ele afirmou desconhecer o que foi dito por Paulo Roberto Costa na delação premiada da Lava Jato.

Durante a sessão, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) reproduziu durante a sessão trecho de gravação de um depoimento em que Costa afirma que Cerveró e o ex-diretor Renato Duque, que também está preso, foram beneficiados com propina. Depois do trecho, o deputado perguntou qual político havia indicado Cerveró. “Eu não sei qual é o político e eu nego essa acusação”, afirmou o ex-diretor.
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Ele disse que conhece Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB no esquema. O partido teria indicado Nestor Cerveró.