Por tiago.frederico
Deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ)Divulgação

Rio Grande do Sul - Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou nesta quinta-feira que não se arrepende das declarações dirigidas à deputada Maria do Rosário (PT-RS) e segue com o argumento de que estava apenas se defendendo. Segundo o deputado federal, a parlamentar o chamou de estuprador em episódio ocorrido há 11 anos. O político considera sua voz uma "arma" na Câmara e se considera "uma pessoa que importuna para chamar a atenção".

"Minha arma aqui na Câmara é minha palavra. Você tem que chamar atenção. Se não chamar, ninguém vai assistir você. Sou uma pessoa que importuno", afirmou o deputado em entrevista concedida à Rádio Gaúcha. "Vocês vão ver agora quando recebermos o relatório da Comissão Nacional da Verdade. Vou fazer o uso da palavra. Vocês vão ver. Vão me acusar de tumultuar a sessão, mas talvez eu seja o único a ter coragem de falar a verdade nessa história", disse.

Ainda na entrevista, o parlamentar explicou o discurso proferido na Câmara dos Deputados nesta última terça-feira, quando disse que só não estupraria Maria do Rosário porque ela "não merece". Na ocasião, a deputada disse que foi "agredida como mulher, parlamentar e mão" e prometeu processá-lo.

"A deputada Maria do Rosário fez um pronunciamento calcado em mentiras. Eu só rememorei um fato ocorrido em 11 de novembro de 2003, onde ela me acusou de ser estuprador. Tenho áudio, tenho vídeo. Eu disse que não sou estuprador, mas que não ia estuprar ela porque ela não merece. Aí a 'esquerdalha' saiu me criticando", afirmou.

Na versão do deputado, Maria do Rosário o teria chamado de estuprador quando ele concedia entrevista a uma emissora de TV para defender a redução da maioridade penal em casos de estupro. Segundo ele, a deputada o interrompeu no meio da entrevista e começou a argumentar.
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"Ela defende o estuprador, passou a me chamar de ditador, de estuprador, esses argumentos de esquerdinha", declarou na entrevista à Rádio Gaúcha.
"Rememorei isso aqui na Câmara e o pessoal saiu me atacando. Se eu tivesse me arrependido eu teria de retirar um projeto de lei de minha autoria onde eu pretendo agravar a pena para estupradores", falou. "Se a posição da Maria do Rosário é contraria à redução da maioridade penal, mesmo em caso de estupro, quem é que defende estupradores então?", questionou.
Deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) Agência Brasil (arquivo)

Ainda na entrevista, Jair Bolsonaro Bolsonaro reafirmou seu interesse em disputar as próximas eleições presidenciais. "Pretendo conseguir a legenda para presidente em 2018. Vou ajudar o Brasil e ir para o caminho certo", concluiu.

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Partidos políticos pedem a cassação do mandato de Jair Bolsonaro
Os partidos PT, PCdoB, Psol e PSB entraram com uma ação protocolada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, na noite da última quarta feira, pedindo a cassação da candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). As legendas acusam Bolsonaro de quebra de decoro parlamentar ao agredir verbalmente a deputada Maria do Rosário (PT-RS), na última terça feira, durante pronunciamento na Câmara.
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De acordo com os representantes dos partidos, o deputado demonstrou “total desrespeito por sua condição de representante de todos os cidadãos e cidadãs brasileiras e, em especial, do povo do Rio de Janeiro”. Também declararam que o deputado federal fluminense mais votado costuma dizer “comentários misóginos, jocosos e estereotipados a respeito das mulheres, negros e homossexuais”.
O líder do Partido dos Trabalhadores, deputado Vicentinho (PT-SP), considerou “desrespeitosa e criminosa” a postura de Bolsonaro. “Em uma casa de leis um parlamentar não pode ter uma postura que desrespeite a lei e afronte a dignidade das pessoas. Esses discursos de ódio são incompatíveis com a sociedade brasileira e com o Estado Democrático de Direito.", declarou o deputado.
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Ainda de acordo com o líder do PT, os parlamentares da câmara devem tomar alguma atitude com relação às declarações de Jair Bolsonaro. "A imagem pública da Câmara dos Deputados foi mais uma vez desonrada e cabe a esta Casa rejeitar esse tipo de comportamento”, disse.
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A declaração, assinada pelos presidentes dos partidos e representada pelos deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Ivan Valente (Psol-SP), pede a cassação imediata do deputado do Rio de Janeiro.
"Durante anos a sociedade brasileira tem acompanhado estarrecida as reiteradas declarações ofensivas assacadas contra as mulheres brasileiras e homossexuais pelo Representado (Jair Bolsonaro), durante suas intervenções Parlamentares, tanto na tribuna do Plenário e das Comissões da Câmara dos Deputados, como em outros espaços públicos. O Representado, de forma reincidente, discrimina, induz e incita a discriminação étnica, racial e de gênero.", aponta um dos atos da declaração.
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