Por thiago.antunes
Rio - Ontem foi o aniversário da presidenta Dilma Rousseff. Ela comemorou os 67 anos em Porto Alegre rodeada pela família. Lá estavam a filha Paula, o genro Rafael, o neto Gabriel e o ex-marido Carlos Araújo, confidente de todas as horas desde os tempos de luta armada. Na sexta-feira, Dilma também cumpriu agenda particular depois de visitar a base de submarinos de Itaguaí.
Subiu para Piraí, onde foi recebida pelos pais do governador Pezão. Desde a campanha eleitoral, mostrou-se impressionada com a simplicidade do casal e estava curiosa em conhecer seu Darcy e dona Ecy. Foi recebida para um almoço informal, que teve como pratos principais leitão à pururuca e carne de cordeiro. Apesar da dieta, provou até um pouquinho de cachaça. A presidenta viveu, portanto, dias de descontração e está de volta ao trabalho em Brasília com a bateria recarregada.
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Dilma vai precisar mesmo de muita energia neste fim de ano. Como desafio mais urgente, tem que decidir o destino de Graça Foster, a quem chama de Gracinha. Crescem as pressões pela demissão de toda a direção da Petrobras, que tem Graça no comando. A esta altura das denúncias e após as revelações de ex-gerente executiva Venina Velosa da Fonseca, considera-se improvável que a presidente da estatal não soubesse dos desvios éticos de parte de sua equipe.
Dilma vai precisar decidir o destino de Graça FosterAgência Brasil

Não dá mais para acreditar que os conluios com as empreiteiras não tivessem chegado ao conhecimento de Graça. Os aditivos que engordavam o valor de contratos eram frequentes e públicos. Mas Dilma luta para preservar a amiga, que tem uma história de vida emocionante e exemplar. Menina pobre no Complexo do Alemão, Graça superou os limites, estudou e se tornou competente engenheira química. Daí a admiração de Dilma e a relutância para afastá-la do cargo.

Outra frente, igualmente desgastante, está na formação do novo ministério. As negociações com os partidos da base aliada não têm sido fáceis. É muita cobiça política para pouco cargo. Além do apetite insaciável do PMDB, Dilma tem de lidar com as demandas de seu partido, o PT, que não está nada satisfeito com a cota anunciada. Quer mais. Como agravante, a presidenta fez escolhas pessoais que provocaram forte reação entre os apoiadores tradicionais de seu governo.
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Hoje, ela tenta aparar uma dessas arestas, ao receber representantes do MST no Palácio do Planalto. Deve lhes garantir que nada vai mudar em relação aos projetos de reforma agrária. Mas também deve comunicar que não abre mão de entregar o Ministério da Agricultura à senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Por sinal, participará mais tarde da posse de Kátia na presidência da Confederação Nacional da Agricultura.
Para completar esta agenda pesada, Dilma Rousseff prepara-se para enfrentar um ano de grandes dificuldades econômicas. Tanto assim que cedeu em suas convicções keynesianas (de mão forte do Estado na economia) e decidiu substituir o petista Guido Mantega pelo liberal Joaquim Levy. Considerado um rigoroso cortador de gastos por seus colegas acadêmicos, Levy prepara um ajuste fiscal, que, por cuidadoso que seja, não será indolor. Suas “mãos de tesoura” vão atingir a carne.
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E 2015 promete repetir 2014 com inflação alta e crescimento baixo. Este é o preço para reorganizar o setor público. A receita pode parecer impopular, mas tem sinal verde de Dilma. O corte no orçamento é mais um desafio nesta virada do ano. Que Deus proteja a presidenta e nos abençoe também!