Por paulo.lima
Brasília - O Ministério Público Federal (MPF) divulgou nesta quarta-feira balanço sobre a operação Lava Jato, da Polícia Federal, que revela desvios de R$ 2,1 bilhões da Petrobras. O valor refere-se somente aos crimes já denunciados. Esse montante pode ser ainda maior, caso novas denúncias sejam apresentadas à Justiça.
Segundo dados publicados ontem em site criado especificamente para a Lava Jato, o Ministério Público informou que 232 empresas e 150 pessoas estão sob investigação das autoridades. Foram firmados 12 acordos de delação premiada e 18 acusações criminais foram feitas contra 86 pessoas pelos crimes de corrupção, tráfico internacional de drogas, formação de organização criminosa, lavagem de ativos, crimes contra o sistema financeiro nacional, entre outros.
Paulo Roberto Costa diz ter recebido R$ 8 milhões em propina da Andrade Gutierrez e da Estre AmbientalAntonio Cruz / Agência Brasil

De acordo com o site, R$ 450 milhões já foram recuperados e há R$ 200 milhões em bens dos réus bloqueados pela Justiça para o ressarcimento de danos e pagamento de multas no caso de futuras condenações. O site foi idealizado pelo Ministério Público Federal no Paraná e desenvolvido pela Procuradoria-Geral da República.

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Para a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, o desvio de recursos na estatal pode chegar a R$ 4 bilhões, com base no depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da companhia. Segundo Costa, os contratos foram superfaturados em 3%.
“A resposta (para o valor referente à corrupção) não é trivial e depende da evolução dos processos na Polícia Federal. Se tivermos mais depoimentos em que surjam outras empresas, temos que buscar, abrir e esse número cresce. Os R$ 188,4 bi contemplam os grandes ativos da companhia”, afirmou Foster.
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Os procuradores do Ministério Público estão certos que o prejuízo à Petrobras com os crimes investigados deve aumentar. Eles acreditam que o rombo pode passar de R$ 5 bilhões apenas na área de Abastecimento.“Não podemos esquecer que houve corrupção já comprovada também na área internacional, o que pode elevar a estimativa”, observou o procurador Deltan Dallagnol.
Duas empresas teriam pago R$ 8 milhões de propina 
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Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou ter recebido até R$ 8 milhões da construtora Andrade Gutierrez e da Estre Ambiental, especializada em coleta e tratamento de lixo. É o primeiro depoimento de Costa em sua delação premiada que vem a público citando valores recebidos dessas duas empresas.Segundo ele, a maior parte, “entre US$ 2 milhões a US$ 2,5 milhões”, foi paga pela empreiteira Andrade Gutierrez, enquanto R$ 1,4 milhão, pela da Estre Ambiental. No depoimento, o ex-diretor voltou detalhar o quinhão da propina que cabia a partidos – principalmente PP e PMDB– e autoridades.
Oito políticos listados como testemunhas
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Os advogados que representam a construtora UTC incluíram como testemunhas oito políticos, sendo quatro do PT, um do PSDB, um do DEM, um do PPS e um do Pros. Entre os petistas, foram listados como testemunhas o ministro da Defesa, Jaques Wagner; o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo; e o atual secretário de Saúde da cidade de São Paulo, José de Filippi Júnior.
Foram chamados, ainda, os deputados federais Paulo Pereira da Silva (SD-SP) — o Paulinho da Força—, Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) e Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA), além do ex-deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP).
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