Por tiago.frederico
Rio - O PMDB deverá sair consagrado hoje das urnas com a eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (RJ) é apontado como o favorito para vencer as eleições e ocupar a presidência da Casa pelos próximos dois anos. No Senado, Renan Calheiros (AL) deverá ser reeleito para a presidência da Casa. E na Alerj, o recém-eleito deputado estadual Jorge Picciani retorna direto para a principal cadeira da Casa.
Entre outras promessas%2C Eduardo Cunha diz que irá aumentar o atual salário dos deputados federaisFabio Gonçalves / Agência O Dia

No domingo passado, Cunha declarou ao DIA ter certeza de que será eleito no primeiro turno, com mais de 300 votos. Seus adversários são o petista Arlindo Chinaglia (SP), Júlio Delgado (PSB-MG) e o carioca Chico Alencar (Psol). Candidato oficial do PMDB, Renan Calheiros deverá ser reeleito sem dificuldades. Seu oponente é o colega de partido e ex-governador Luiz Henrique (SC), que decidiu lançar candidatura avulsa à presidência do Senado com o apoio da oposição.

Nos corredores da Câmara e no Rio de Janeiro, políticos definem Eduardo Cunha como “cumpridor de promessas”. Ele garantiu, por exemplo, que aumentará o salário dos deputados, atualmente em torno dos R$ 26 mil. Além disso, prometeu não discutir nada que envolva aborto, revisão da política de drogas,ou a criminalização da homofobia, seguindo a orientação das igrejas evangélicas, que concentram importante parcela do seu eleitorado.

Em sua campanha, que visitou todos os estados do Brasil, e foi paga, segundo ele, pelo PMDB, Eduardo Cunha fez diversas promessas. Nesta semana, garantiu que só votará o orçamento de 2015 se os novos deputados puderem usufruir das verbas das emendas orçamentárias, dinheiro usado para que os parlamentares invistam em seus currais eleitorais. E, nesse caso, Cunha fala do que entende: o destino das emendas orçamentárias do deputado desde 2004 mostra que, em troca de apoios locais, ele é generoso na hora de compensar municípios que lhe garantem boas votações. Levantamento feito pelo DIA aponta que, de 2004 a 2014, ele conseguiu aprovar R$ 90,85 milhões em recursos para serem usados em obras espalhadas por, pelo menos, 52 cidades no estado do Rio, e uma em São Paulo.
Criador do ‘Aezão’%2C Jorge Picciani se articulou para minar as chances de reeleição de Paulo Melo na Alerj (arquivo)José Pedro Monteiro / Agência O Dia

Na capital, a comunidade de Rio das Pedras, que fica na zona eleitoral em que Cunha foi mais votado na cidade, recebeu um total de R$ 200 mil em verbas, nos anos de 2012 e 2013. No geral, São João de Meriti, Barra Mansa, Seropédica e Belford Roxo são as cidades que mais receberam recursos. O deputado também pediu R$ 100 mil, em 2009, para investir na construção do Memorial Ulisses Guimarães em Rio Claro (SP). O pedido do investimento, à época, teria partido do então deputado e atual vice-presidente da República, Michel Temer. O espaço, com projeto de Oscar Niemeyer, ainda não foi construído.

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Retorno triunfal
Candidato derrotado ao Senado em 2010, Jorge Picciani foi uma das figuras centrais da campanha eleitoral de 2014. Foi ele quem articulou o movimento ‘Aezão’, que pregava o voto no então presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) e no governador Luiz Fernando Pezão, que era eleitor confesso da presidenta Dilma Rousseff (PT). O tucano perdeu no Rio, e, aos poucos, seu grupo foi sendo esvaziado. Mas o saldo da eleição foi mais que positivo para Picciani e seu clã: ele foi eleito deputado estadual pela quinta vez, indicou seu filho Rafael para a secretaria municipal de Transportes, e pôde ver Leonardo, seu outro herdeiro, virar líder da bancada do PMDB na Câmara.
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Picciani também deverá ser aclamado hoje, pela quinta vez, como presidente da Alerj. Paulo Melo, deputado estadual mais votado do PMDB e presidente da Casa até este ano, não conseguiu resistir às articulações feitas pelo companheiro de partido e anunciou, no começo de dezembro, que não seria candidato à reeleição. Seu cargo atual — a secretaria de Governo de Pezão — é um laboratório para seu real desejo: uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que também precisará ser combinada com o todo-poderoso da Alerj.