Por thiago.antunes
Rio - O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) impôs uma derrota ao Palácio do Planalto neste domingo, ao se eleger presidente da Câmara pelos próximos dois anos. Desafeto de Dilma Rousseff e defensor do rompimento do PMDB com a base aliada, ele conseguiu barrar a ofensiva do governo e ganhou a eleição em primeiro turno, com 267 votos.
O candidato petista Arlindo Chinaglia (SP) ficou no segundo lugar, com 136 votos. Júlio Delgado (PSB-MG), que representou a oposição, terminou a votação com cem votos. Chico Alencar (Psol-RJ), que entrou na disputa apoiado apenas por seu partido, terminou a eleição com oito votos.
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Houve dois votos em branco. Em seu discurso de candidatura, Cunha criticou a submissão da Câmara ao Executivo e reafirmou a independência do Legislativo. No entanto, após o resultado da eleição, o deputado adotou um tom conciliador. Ele afirmou que não haverá retaliação ao Executivo.
Eduardo Cunha assume a Presidência da Câmara com pedido de independência do CongressoAgência Brasil

“Aqui é palco para exercer os grandes debates que a Casa precisa. Nunca falamos que seríamos de oposição. O governo sempre terá a governabilidade que sua maioria poderá dar, no momento que ela for exercida”, afirmou.

Cunha disse que o parlamento “reagiu no voto” à submissão ao Executivo, mas afirmou que esse episódio está “virado”. Além disso, ressaltou a necessidade de a Casa discutir a reforma política e o pacto federativo. Apesar do tom ameno, a eleição de Cunha é vista como um obstáculo para o governo, tanto que foi comemorada por muitos parlamentares tucanos.
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A vitória de Eduardo Cunha já começou a se delinear no registro dos blocos parlamentares, no começo da tarde. O PMDB formou um blocão com 14 legendas (PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PEN, PSDC e PRTB), somando 218 parlamentares.

O PT sofreu um tombo no momento do registro de seu bloco. Por apenas uma assinatura, o PDT não conseguiu recolher o número mínimo para entrar na frente com o PT, como havia sido acordado. Com isso, o PT teve adesão de três partidos (PR, PSD e PC do B), com 160 deputados.

No Senado%2C Renan Calheiros se reelege e preside Casa pela quarta vezAgência Brasil

Além de ser derrotado na disputa na disputa para a presidência, o partido de Dilma amargou ainda a perda de cargos na Mesa Diretora e da liderança de comissões importantes na Casa. O bloco encabeçado pelo PMDB terá a prerrogativa de indicar a presidência das três primeiras comissões e deve abocanhar as mais importantes, como a de Constituição e Justiça (CCJ) e a de Finanças e Tributação (CFT). Neste domingo, os 513 deputados da nova legislatura foram empossados. O índice de renovação foi de 38,6%, com 198 novos nomes integrando a Casa.

Calheiros se reelege e presidirá Casa pela quarta vez
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No Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) garantiu sua continuidade e comandará a Casa pela quarta vez. Ele venceu o companheiro de partido, Luiz Henrique (SC), por 49 votos a 31. Houve apenas um voto nulo. A reeleição representou uma vitória para o governo, mas o placar foi considerado apertado.
Foi a menor votação recebida por Calheiros desde que foi eleito pela primeira vez para presidir o Senado. No ano passado, ele teve seu nome citado em investigações da Operação Lava-Jato, mas negou envolvimento em atos de corrupção.
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O senador Romário (PSB-RJ), que havia pedido que o partido o liberasse para votar em Calheiros, trocou de posição na reta final e declarou apoio a Luiz Henrique. Em sua página no Facebook, o parlamentar justificou a virada de casaca. “Comunico a todos que seguirei a escolha do PSB, pois acredito que a alternância de poderes é saudável à nossa democracia”, afirmou.
Ao apresentar sua candidatura para os colegas, Calheiros fez um balanço de seu mandato anterior e ressaltou medidas que permitiram a economia de R$ 530 milhões em dois anos. Ele também afirmou que levou mais transparência ao Senado. O presidente da Casa é também o do Congresso em votações conjuntas entre Senado e Câmara dos Deputados.
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No Senado, 27 novos parlamentares tomaram posse, se juntando a 54 colegas que estão na metade do mandato de oito anos. A escolha dos integrantes da mesa diretora será feita amanhã. Para a primeira vice-presidência , o indicado é Jorge Viana (PT-AC). Na segunda vice-presidência, Romero Jucá (PMDB-RR) foi indicado por seu partido.
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