São Paulo - No dia em que o Brasil comemorou 30 anos do renascimento da democracia, após duas décadas de ditadura militar, São Paulo liderou a onda de protestos no País, na maior manifestação antigoverno desde o movimento ‘Diretas-Já’. Mais importante centro financeiro do país, a Avenida Paulista ficou tomada por 1 milhão de manifestantes, segundo cálculo da Polícia Militar, ou 210 mil, de acordo com o Instituto Datafolha.
A convocação feita pelas redes sociais mobilizou brasileiros de todas as idades que atenderam ao chamado, se vestiram de verde e amarelo e pintaram o rosto para demonstrar a insatisfação com o atual governo e os rumos da economia nacional.
Os atos anti-Dilma se estenderam por quase 10 horas. Na capital paulista, o clima era de tranquilidade, com a presença de celebridades. A cantora Wanessa Camargo, que apoiou a candidatura do tucano Aécio Neves para a Presidência no ano passado, cantou o Hino Nacional de cima de um carro de som, em São Paulo. Ela estava ao lado do marido e do ex-jogador Ronaldo Fenômeno. O cantor Lobão, que disse que iria para Miami se Dilma ganhasse as eleições, estava na Avenida Paulista.
Princípio de conflito foi contornado pela PM com a detenção de 24 homens, denominados ‘Carecas do Subúrbio’. Infiltrados na multidão, eles começaram a provocar os manifestantes.
A polícia foi acionada, e o grupo, revistado. Nas mochilas deles, agentes acharam rojões, socos-ingleses, bombas de fabricação artesanal e outros explosivos. Eles foram escoltados pela Polícia Militar para evitar que fossem linchados pelos manifestantes. A polícia classificou o ato como ação isolada.
A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, reuniu 45 mil pessoas, que carregaram bandeiras, faixas, cartazes com palavras de ordem, como ‘Fora PT’, e jogaram três mil flores brancas.Em frente ao Congresso Nacional, que havia sido cercado por cordão de isolamento, manifestantes tentaram invadir o local, atirando pedras nos policiais militares, que revidaram, lançando bombas de efeito moral para dispersar o grupo.
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Na capital capixaba, caminhoneiros seguiram em passeata passando em frente à Petrobras até a Praça do Papa. Lá, cerca de 100 mil pessoas se reuniram, com grande participação de famílias, com crianças e idosos.
Em Porto Alegre, 100 mil manifestantes saíram em marcha pelas ruas até o Parque da Redenção. Pela manhã, um grupo pró-Dilma promoveu um ato chamado “Coxinhaço’, para criticar os que defendem o impeachment da presidenta. Não houve registros de brigas.
Em Jundiaí, no interior paulista, vândalos atearam fogo à sede do Partido dos Trabalhadores, logo após o protesto. Ninguém foi preso. Segundo a coordenação do PT, foram destruídos documentos e móveis de uma sala. O muro do prédio foi pichado pelos agressores.
Os atos contra a corrupção e a impunidade ganharam adesão dos brasileiros que moram em cinco países: Austrália, Estados Unidos, França, Bolívia e Inglaterra. Em Paris, os manifestantes cantaram o Hino Nacional em frente ao prédio da embaixada brasileira.
Participaram da cobertura: Christina Nascimento, Gabriel Sabóia, Leandro Resende, Lucas Gayoso e Maria Luísa Barros